José Ramos-Horta lidera a segunda volta das eleições presidenciais em Timor-Leste, com 58,55% dos votos, contra os 41,45% de Francisco Guterres Lú-Olo, quando estão contados cerca de dois terços dos votos.
Os dados referem-se à contagem provisória do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e no momento em que apenas está fechada a contagem em toda a diáspora, em cinco dos 13 municípios do país e contabilizados 852 dos 1.200 centros de votação, com Ramos-Horta a garantir para já uma vantagem de quase 18 pontos percentuais.
Ao longo da madrugada, hora local, a vantagem de José Ramos-Horta reduziu-se ligeiramente, ainda que as indicações apontem para que seja o vencedor da segunda volta das presidenciais.
Das contagens já fechadas, Lú-Olo venceu nas zonas de Baucau e Viqueque, na zona leste do país e ainda nos centros de votação da Irlanda e Inglaterra, com José Ramos-Horta a vencer na Austrália, Coreia do Sul e Portugal e ainda nos municípios de Aileu, Liquiçá e Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).
Os dados preliminares sugerem que poderá haver uma queda na participação na segunda volta, especialmente em Díli, onde em vários centros de votação visitados pela Lusa se notou menos eleitores que na primeira volta.
A confirmar-se a tendência, esta será a segunda vez, depois de 2007, que José Ramos-Horta derrota Francisco Guterres Lú-Olo na segunda volta das presidenciais.
O Nobel da Paz já tinha vencido na primeira volta, em 19 de março, com cerca de 46,6% de votos, à frente de Francisco Guterres Lú-Olo, que obteve cerca de 22%.
Contido na hora da vitória
"A mim a aos meus apoiantes principais não me surpreende o resultado, dado o ambiente de adesão à minha campanha em todo o país e as nossas próprias sondagens realizadas nos meses antes, até ao nível das aldeias", disse em declarações à Lusa.
Ramos-Horta disse que há ainda que esperar a conclusão da contagem pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e depois o resto da confirmação dos resultados, que lhe dão, com mais de 70% dos votos contados, uma vantagem de 21 pontos percentuais sobre Francisco Guterres Lú-Olo.
Um dos resultados que marca a votação é ao que tudo indica a derrota pela primeira vez da Fretilin, que apoia a candidatura de Lú-Olo, no município de Lospalos, algo que segundo Ramos-Horta deve levar o partido a uma reflexão.
"Sim, a perda de Lospalos é obviamente um acontecimento inédito e que dá uma mensagem clara à liderança da Fretilin para repensar toda a sua política, a sua imagem, porque o eleitorado mudou muito nos últimos 20 anos", disse.
"Aliás, todos nós devemos fazer um exercício de apreciação do resultado", considerou.
Guterres Lú-Olo admite a derrota
O presidente timorense reconheceu que a contagem provisória aponta para a sua derrota, e para a eleição de José Ramos-Horta como seu sucessor, um resultado que "respeita", apesar de críticas ao tom da campanha.
"A decisão é do povo e sempre disse que perder ou ganhar tanto faz, faz parte da democracia", afirmou Francisco Guterres Lú-Olo em declarações à Lusa.
"Foi a escolha do povo e, confirmando-se este resultado pela vitória de Ramos-Horta, tenho que respeitar", frisou.