O candidato a vice-presidente do Partido Democrático passou um ano como professor na província de Guangdong, no sudeste da China, em 1989. As redes sociais chinesas encheram-se de comentários sobre as ligações de Tim Walz ao país. Alguns apoiantes de Donald Trump descreveram-no, por sua vez, como "marxista" e "pró-chinês".
Nas primeiras horas após a vice-presidente dos EUA e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, ter anunciado Tim Walz como número dois do ticket, os apoiantes do candidato republicano Donald Trump apressaram-se a tecer duras críticas.
Concentraram-se, então, na história pessoal de Walz na China.
Depois de apelidarem a dupla Harris-Walz como “radical de esquerda”, aproveitaram as publicações de muitos utilizadores das redes sociais chinesas - sobre a estadia e os possíveis laços do governador do Minnesota à China - para repetirem argumentação.Para além de sublinharem que a nomeação de Walz deveria ser bem recebida na China, exaltaram o termo “marxista”.
"A China comunista está muito feliz com Tim Walz como vice-presidente escolhido por Kamala", disse no X Richard Grenell, ex-diretor interino dos serviços de informações na Administração Trump.
"Ninguém é mais pró-China do que o marxista Walz", acrescentou.
Walz na China
Tim Walz passou um ano a lecionar na província de Guangdong, no sudeste da China, em 1989.
Tinha acabado de sair da faculdade quando se mudou para a China para dar aulas de inglês e história americana num estabelecimento de ensino médio - a Escola Secundária Foshan. Esta viagem fez parte de um programa de de voluntariado da Universidade de Harvard, que durou um ano.
"Eles são pessoas muito gentis, generosas e capazes", sublinhou.
Há algum tempo, descreveu mesmo a decisão de lecionar na China como "uma das melhores coisas" que fez.
Tim Walz casou a 4 de junho de 1994 com Gwen Whipple, também professora, coincidindo com o quinto aniversário da revolta de Tiananmen. Ambos passaram a lua de mel numa zona rural da China.Numa entrevista, Whipple referiu que "o marido queria ter uma data da qual sempre se lembraria".
Tim Walz estava em solo chinês quando ocorreu o massacre de Tiananmen, a 4 de junho de 1989, em Pequim. Nesta data, a repressão do Governo da República Popular da China sobre as manifestações populares pacíficas a favor de reformas políticas acarretou o assassinato de um grande número de civis.
Esperança refletida nas redes sociais chinesas
O tema da escolha de Walz para acompanhar Kamala na corrida eleitoral tornou-se um tópico viral na rede social Weibo, que gerou mais de 12 milhões de visualizações.
Embora não seja permitido falar-se nas redes sobre o massacre que marcou o ano de 1989, alguns utilizadores referiram que “os estrangeiros que estavam na China naquela época "são os mais anti-China".
Outros apontaram que em 1989 a China era um país muito diferente. "Este candidato estava na China num momento muito diferente. A atmosfera era muito diferente", salienta-se num comentário.
Em muitas publicações referidas pela BBC é manifestada a convicção de que, caso a dupla Harris-Walz vença as eleições, o antigo professor pode vir a “sinalizar melhores laços entre EUA e China”.China e Estados Unidos têm estado em claro confronto sobre temas como comércio, tecnologia e ambições geopolíticas do colosso asiático.
Na rede Weibo, um outro utilizador também destacou que "o percurso único de Walz dá-lhe uma perspetiva real sobre a China". Por isso, o candidato tem nas mãos a possibilidade de vir a "promover intercâmbios culturais entre a China e os Estados Unidos num momento em que as relações estão extremamente difíceis".