Theresa May tenta formar governo com apoio de unionistas da Irlanda

por Andreia Martins - RTP
Theresa May esta sexta-feira a abandonar o nº10 de Downing Street para visitar a rainha Isabel II, no Palácio de Buckingham. Facundo Arrizabalaga - EPA

A primeira-ministra britânica prepara-se para pedir esta sexta-feira à rainha Isabel II autorização para formar Governo. Segundo a imprensa britânica, May conta com o apoio do Partido Unionista Democrático, da Irlanda do Norte.

Com 649 em 650 lugares declarados, o Partido Conservador conta neste momento com 318 deputados na Câmara dos Comuns, menos oito do que os necessários para formar uma maioria absoluta. Ainda assim, a líder dos tories vai esta sexta-feira ao Palácio de Buckingham, às 12h30, no sentido de pedir autorização à rainha para formular uma solução governativa.

Entretanto, o jornal britânico The Guardian e a cadeia BBC avançam que Theresa May já alcançou um acordo com o Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte. Os unionistas conseguiram garantir a eleição de dez deputados na quinta-feira, um número mais do que suficiente para garantir 326 deputados e o apoio parlamentar a Theresa May.
Força anti-Corbyn
O DUP refere que as relações com May são "muito próximas" desde que a líder conservadora se tornou primeira-ministra em julho último. Contudo, e apesar da simpatia expressa para com a atual primeira-ministra, a razão maior deste apoio parece estar mais ligada a uma aversão profunda a Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, a segunda força política mais votada na eleição.

Em causa estão as ligações antigas de Corbyn ao IRA (Exército Republicano Irlandês) durante os anos 80. Durante a campanha eleitoral, o líder trabalhista recusou em várias ocasiões condenar os ataques terroristas perpetrados pelo grupo armado. 

O DUP é o principal partido da Irlanda do Norte. Conotado com a direita, apoia a permanência no Reino Unido e defendeu a saída da União Europeia no referendo. "Queremos que haja governo. Temos trabalhado bem com May. A alteranativa é intolerável. Enquanto Corbyn liderar os Partido Trabalhista, queremos assegurar que o primeiro-ministro é tory", disse um responsável do DUP ao Guardian.

O mesmo diário britânico refere que ainda não se sabe ao certo se o acordo entre os dois partidos se traduz numa coligação governativa formal ou antes um arranjo ocasional, em que o DUP garanta apoios a um Governo minoritário na votação de assuntos centrais.

Em declarações à agência Reuters, um representante do DUP prefere manter o silêncio e não confirma o entendimento entre os dois partidos.

Durante a noite eleitoral, a líder do DUP tinha prometido fazer "o que for o melhor interesse da Irlanda do Norte" e admitia que as eleições poderiam ser "uma oportunidade para o partido se fazer destacar em Westminster".
Juncker não quer "mais atrasos"
Perante o cenário incerto saído das eleições britânicas, em que nenhum partido conseguiu alcançar a maioria absoluta, o presidente da Comissão Europeia espera que o resultado não atrase as negociações com a União Europeia, uma reação em linha com a posição que já tinha sido tomada por outros responsáveis.

"No que à Comissão Europeia diz respeito, estamos prontos para abrir as negociações já amanhã de manhã, às 09h30, por isso estamos à espera de visitas de Londres. Espero que não haja mais atrasos na conclusão destas negociações", referiu Jean-Claude Juncker esta sexta-feira, em conferência de imprensa.

c/ Lusa
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