A primeira-ministra do Reino Unido pediu respeito à União Europeia enquanto decorrem as negociações do Brexit. Depois de uma cimeira frustrada, na última quinta-feira, Theresa May declarou que prefere sair sem chegar a acordo do que alcançar um mau acordo para o Reino Unido. Nicola Sturgeon, líder escocesa, já reagiu às declarações de May, tal como Jeremy Corbyn, do partido Trabalhista.
Na última quinta-feira, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, rebateu a tentativa de acordo de Theresa May e declarou que este não tinha pernas para andar. O Reino Unido deverá sair da União Europeia daqui a seis meses e a líder britânica pede maior compromisso aos líderes europeus.
May apontou dois assuntos em que os dois lados não conseguem alcançar consenso. Sobre a relação que Reino Unido e União Europeia vão ter no plano económico e a solução para a fronteira das Irlandas.
Na parte económica, Theresa May queixa-se de que a União Europeia lhe ofereceu apenas duas opções. A primeira é manter-se na união aduaneira, a segunda é considerar um acordo de comércio livre que colocaria a Irlanda do Norte como parte do mercado único.
A primeira-ministra britânica queixou-se de que a primeira opção ia obrigar o Reino Unido a cumprir as regras da União Europeia, mantendo a “imigração descontrolada”, e que não haveria possibilidade de fazer novos acordos comerciais com outros países.
The EU should be clear: I will not overturn the result of the referendum. Nor will I break up my country. pic.twitter.com/fYhIgGWV1Q
— Theresa May (@theresa_may) 21 de setembro de 2018
Para tentar contornar a questão, Theresa May apresentou o plano ‘Chequers’, declarando que resolveria o problema das fronteiras. O documento pretendia criar uma área de livre comércio para bens, depois da saída do Reino Unido da União Europeia.
A proposta foi rejeitada pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que afirmou que o plano colocaria em causa o mercado único, apesar de apresentar alguns elementos positivos.
Throughout this process, I have treated the EU with nothing but respect. The UK expects the same. A good relationship at the end of this process depends on it. pic.twitter.com/REqUEbMPuG
— Theresa May (@theresa_may) 21 de setembro de 2018
Corbyn e Sturgeon críticos para Theresa May
O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, reagiu às declarações de Theresa May, deixou-lhe duras críticas e responsabilizou a primeira-ministra britânica pelo impasse que se vive nas negociações.
"A estratégia de negociação de Theresa May para o `Brexit` foi um desastre. Os conservadores passaram mais tempo a discutir entre eles do que a negociar com a UE".
2/ the only remotely workable way to do Brexit is to stay in the single market and customs union. If PM not prepared to do that, Brexit shouldn’t happen. ‘No deal’ or ‘no detail‘ Brexit simply not acceptable - especially for Scotland, where we did not vote for this.
— Nicola Sturgeon (@NicolaSturgeon) 21 de setembro de 2018
A líder escocesa, Nicola Sturgeon, e grande opositora à saída da Escócia da União Europeia, considerou as palavras de Theresa May “horríveis”. Sturgeon acredita que a primeira-ministra do Reino Unido não pode continuar a apostar no plano ‘Chequers’ e culpar a União Europeia por não haver acordo.
“A única maneira viável de realizar o Brexit é continuar no mercado único. Se [Theresa May] não está preparada para isso, então o Brexit nem sequer devia acontecer. Brexit “sem Acordo” ou “sem detalhes” não é aceitável – especialmente para a Escócia, onde não votámos para que isto acontecesse”.