Terramoto no Afeganistão. É "pior do que imaginávamos"

por RTP
Reuters

Equipas de ajuda internacional tentam enviar ajuda à população que sobreviveu ao terramoto deste fim de semana a oeste da cidade de Herat no Afeganistão. O sismo de magnitude 6,3 matou mais de duas mil pessoas. Alertam para a situação, afirmando que é muito pior "do que imaginavam".

O país, já devastado pela guerra e por uma crise económica, sofreu este sábado um forte terremoto, já considerado dos mais mortíferos no país.

O sismo assolou uma área a 40 quilómetros a oeste da cidade de Herat e deixou milhares de feridos e mais de dois mil mortos.

A ajuda está a começar a chegar aos sobreviventes mas as equipas internacionais deixam um alerta.

“A situação é pior do que imaginávamos, com pessoas em aldeias devastadas ainda a tentar desesperadamente resgatar sobreviventes dos escombros com as próprias mãos”, descreveu Thamindri de Silva, diretor nacional da Visão Mundial Afeganistão.

Os reforços da capital Cabul chegaram para ajudar, acrescentou Silva, “mas há apenas um hospital e que está lotado, com casos graves sendo muitos feridos transferidos para outras instalações privadas na cidade”.

“Os nossos colegas e as suas famílias estão a processar esta devastação nas cidades natais e, no entanto, estamos a responder com tudo o que temos”, explicou Silva.

“As pessoas precisam de cuidados médicos urgentes, água, comida, abrigo e ajuda para se manterem seguras”, apelou.
Mais um episódio devastador
O terramoto em território afegão é “mais um episódio devastador, após décadas de conflito, secas sucessivas e uma economia em colapso”, declarou Mark Calder, líder da organização de defesa da Visão Mundial do Afeganistão.

Acrescenta que o financiamento da comunidade internacional “tem sido inadequado”.

“Organizações como a nossa são capazes de fornecer ajuda e contribuir para a recuperação, mas sem o compromisso dos governos e doadores internacionais, mais pessoas cairão nas necessidades humanitárias, o deslocamento aumentará e vidas serão perdidas. O mundo não deve desviar o olhar agora”.

O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric observou que a ONU e os parceiros humanitários estão a montar operações de emergência e a enviar mais equipas para o terreno.

“Estamos em coordenação com as autoridades para avaliar rapidamente as necessidades e fornecer assistência de emergência”, explicou.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também já expressou no domingo solidariedade e apelou à comunidade internacional para “se unir e apoiar os afegãos afetados pelo terramoto – muitos dos quais já estavam necessitados antes desta crise”.

De acordo com a CNN, “a UNICEF, o fundo das Nações Unidas para a infância, enviou 10.000 kits de higiene, 5.000 kits familiares, 1.500 conjuntos de roupas e cobertores de inverno, 1.000 lonas e utensílios domésticos básicos”.

Arshad Malik, Diretor Nacional da Save the Children no Afeganistão, descreve o cerário como trágico.

“A escala dos danos é horrível. Os números afetados por esta tragédia são verdadeiramente perturbadores
– e esses números aumentarão à medida que as pessoas ainda estiverem presas nos escombros das suas casas em Herat", disse Malik.

“Milhares de crianças e famílias estão agora sem casa, sem abrigo. Perderam tudo. O terror das réplicas e do desabamento de edifícios forçou as famílias a saírem para o ar livre em Herat", argumentou.

É uma crise em cima de crise", remata.



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