A situação no Médio Oriente, a questão nuclear no Irão, a guerra comercial e a crise do multilateralismo são temas em destaque no fórum de 193 chefes de Estado e de governo. Começa esta terça-feira a 73ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
O discurso, que se espera inflamado, vem na sequência de uma troca de palavras e acusações cada vez mais sérias em torno do programa nuclear iraniano.
Donald Trump começou por anunciar, em maio, que os Estados Unidos se retiravam do acordo sobre o nuclear, assinado pelo Irão e pelas grandes potências em 2015.
Washington reinstaurou todas as sanções que foram levantadas após a assinatura do documento. Em consequência e para evitar as medidas punitivas dos Estados Unidos, muitas empresas europeias decidiram abandonar as operações no Irão.
A Casa Branca definiu então as suas novas condições para assinar um outro acordo, que foram classificadas por Teerão como uma "longa lista de condições prévias insultuosas".
Na semana passada, o secretário de Estado Mike Pompeo avisava Teerão que deveria esperar “palavras duras bem merecidas” perante os líderes políticos de todo o mundo.
Guerra comercial na agenda
Na noite passada, a União Europeia anunciava a criação de uma entidade legal específica para continuar a negociar com o Irão, especialmente para a compra de petróleo, de modo a contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos a Teerão.
O Presidente dos Estados Unidos deverá defender o mérito das guerras comerciais que começou, a começar pela China. De acordo com uma fonte da Casa Branca, Trump vai pedir “a reforma do sistema comercial internacional”, assim como de outras instituições internacionais, de modo a torná-las “mais eficazes”.
Esta é a segunda vez que Donald Trump discursa na Assembleia Geral da ONU. Em 2017, também visou Pyongyang. Posteriormente, a Casa Branca encetou um diálogo nem sempre constante com o líder da Coreia do Norte, a quem chegou a elogiar a “abertura de espírito” e disponibilidade para tomar decisões corajosas.
A imprevisibilidade que caracteriza o Presidente Trump torna mais difícil a tarefa de antever se o Presidente dos Estados Unidos decidirá mandar recados a Pyongyang, pelo ritmo lento da prometida desnuclearização.
O Presidente dos Estados Unidos vai também presidir a uma inédita reunião do Conselho de Segurança sobre o Irão.
No entanto, o Presidente do Irão não deverá desperdiçar a oportunidade de resposta durante o discurso que está igualmente marcado para a tarde desta terça-feira. O Presidente da República Islâmica tem ainda agendada uma conferência de imprensa para esta quarta-feira para rebater as já esperadas críticas.
Ao canal norte-americano NBC, o Presidente iraniano garantiu não ter previsto qualquer encontro com Donald Trump, por considerar que os Estados Unidos não são “nem honestos nem sinceros”.
A sessão de abertura da Assembleia Geral vai contar ainda com a intervenção do Presidente francês, que deverá visar a crise do multilateralismo. Durante a estadia em Nova Iorque, Emmanuel Macron tem previstas reuniões tanto com Donald Trump, como com Hassan Rohani.
Os presidentes do Brasil e Peru também vão apresentar a sua visão do mundo perante os restantes chefes de Estado e de Governo.
Problemas em vários pontos do mundo
A intervenção do Presidente português no debate da Assembleia Geral da ONU está marcada para quarta-feira.
"Tudo isso dá um ingrediente complicado para esta Assembleia Geral", declarava Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas. "Por isso, mais mérito tem a intervenção do secretário-geral das Nações Unidas. Ele tem conseguido ir ultrapassando, torneando obstáculos cada vez mais difíceis".
Marcelo Rebelo de Sousa tem previstos, esta terça-feira, encontros bilaterais com os presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e da Colômbia, Iván Duque Márquez, à margem da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
O Presidente da República estará também num evento de alto nível sobre ação para a manutenção de paz.
Ao fim do dia, participará numa reunião de chefes de delegação da CPLP, num hotel de Nova Iorque, promovida por Cabo Verde, que atualmente preside a esta comunidade.
A 73ª sessão decorre sob o tema Tornar a ONU relevante para todos: Liderança global e responsabilidade partilhada para sociedades pacíficas, equitativas e sustentáveis.
No ano passado, o Estado português foi representado pelo primeiro-ministro, António Costa.
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