Tensão na Venezuela. Maduro presta juramento e toma posse em Caracas

por Inês Moreira Santos - RTP
Leonardo Fernandez Viloria - Reuteres

Nicolás Maduro prestou esta sexta-feira juramento para um terceiro mandato consecutivo na Presidência da Venezuela. A cerimónia de tomada de posse avançou em Caracas apesar da contestação da oposição, que afirma ter ocorrido fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho, reconhecendo Edmundo González Urrutia como o presidente eleito.

"Juro que este novo mandato presidencial será um período de paz, de prosperidade, de igualdade e da nova democracia", disse Nicolas Maduro diante do presidente da Assembleia, Jorge Rodriguez, após este declarar: "Está investido como presidente constitucional".

O presidente venezuelano acrescentou ainda cumpriria as leis do país.

"Juro pela história, pela minha vida e cumprirei o meu mandato".

Maduro prestou juramento de posse perante a Assembleia Nacional controlada pelo partido no poder, um dia depois da principal líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, ter anunciado ter sido brevemente detida pelas forças de segurança do Estado, acusação negada pelo Governo.

A oposição venezuelana, que reivindica a vitória do candidato Edmundo González Urrutia nas Eleições Presidenciais de julho, descreveu entretanto a posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato como um "golpe de estado".

"Um golpe de Estado foi realizado", escreveu a principal coligação de oposição, Plataforma Unitária, num comunicado publicado nas redes sociais, referindo-se à "usurpação do poder por Nicolás Maduro (...), apoiada pela força bruta e desprezando a soberania popular expressa a 28 de julho".

Horas antes, a Venezuela encerrou a fronteira com a Colômbia por três dias, alegando uma "conspiração internacional" antes da posse de Maduro, para um terceiro mandato consecutivo.

"Temos informações sobre uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos", declarou Freddy Bernal, governador do estado de Táchira, que faz fronteira com a Colômbia.

A detenção e posterior libertação da líder da oposição María Corina Machado na quinta-feira, após ter participado numa marcha em Caracas, intensificou a crise política e social no país, na véspera da tomada de posse de Maduro.

O antigo diplomata Edmundo González Urrutia, considerado como o presidente eleito pela oposição e por dezenas de Governos de várias nações (incluindo a União Europeia), assegurou nos últimos dias que estaria na Venezuela para ser empossado como novo chefe de Estado.

Diversas manifestações de apoiantes de Maduro foram convocadas para esta sexta-feira em todo o país, com a líder da oposição, María Corina Machado, a apelar igualmente à mobilização do povo venezuelano para contestar nas ruas o regime de Caracas.

Recorde-se que a 28 de julho de 2024, a Venezuela realizou eleições presidenciais, cuja vitória foi atribuída pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a Nicolás Maduro com pouco mais de 51 por cento dos votos, resultado contestado pela oposição que afirma que Edmundo González Urrutia, que entretanto pediu asilo político em Espanha, obteve cerca de 70 por cento dos votos.

Tanto a oposição venezuelana como vários países da comunidade internacional denunciaram o escrutínio como fraudulento e exigiram a apresentação dos registos de votação para que pudessem ser verificados de forma independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.


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