Tensão Estados Unidos-Irão. As reações internacionais

por RTP
Foto: EPA

Multiplicam-se as reações internacionais ao lançamento de mísseis iranianos contra duas bases aéreas que albergam tropas norte-americanas no Iraque. Na Europa pede-se contenção e alguns países decidiram retirar parte das tropas que tinham destacadas nesse país do Médio Oriente. A China pede a resolução do conflito pela via do diálogo e, no Iraque, os líderes curdos pedem para não serem envolvidos nas rivalidades.

O Reino Unido apressou-se a condenar o ataque iraniano e classificou-o de “imprudente e perigoso”. “Condenamos o ataque às bases militares iraquianas que abrigam as forças da coligação, entre as quais britânicos”, disse o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab.

O primeiro-ministro britânico pediu ao Irão uma "inversão urgente da escalada" da tensão, condenando os ataques iranianos contra bases da coligação internacional no Iraque.

Boris Johnson defendeu, por outro lado, o assassínio do general Qassem Soleimani por forças dos Estados Unidos, afirmando que o militar também "tinha sangue de tropas britânicas nas mãos".

"Naturalmente condenamos o ataque contra as bases militares iraquianas que acolhem as forças da coligação", disse Johnson no parlamento britânico. "O Irão não deve repetir estes imprudentes e perigosos ataques, deve antes trabalhar por uma inversão urgente da escalada".

Boris Johnson disse que as informações de que dispõe apontam para que não tenha havido "nenhuma vítima" do lado norte-americano e também que "nenhum membro do pessoal britânico foi ferido".

Também a Alemanha condenou “firmemente” a agressão do Irão. “Agora é decisivo não deixarmos esta espiral crescer ainda mais”, sublinhou Annegret Kram-Karrenbauer, ministra alemã da Defesa. “Antes de mais é preciso que os iranianos não provoquem uma nova escalada”.

Na terça-feira, o governo alemão decidiu transferir temporariamente parte das tropas que mantém no Iraque para bases na Jordânia e no Kuwait, por motivos de segurança.

As forças alemãs integram a coligação internacional, comandada pelos Estados Unidos, que se encontra no Iraque e que tem como missão combater o grupo radical Estado Islâmico. A Alemanha participa nessa coligação com 415 soldados e terá agora transferido 32.

Em França, uma fonte do Governo avançou que o país não pretende mover nenhum dos 160 soldados que tem destacados no Iraque.
Paris reiterou ainda a importância de continuar o combate ao autoproclamado Estado Islâmico, mantendo simultaneamente o respeito pela soberania do Iraque.

"A França condena os ataques conduzidos esta noite pelo Irão no Iraque contra forças da Coligação contra o Daesh (...). A prioridade é mais do que nunca a redução de tensões. O ciclo de violência deve ser interrompido", disse o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian.

O Governo italiano também condenou os ataques e apelou, em comunicado, a um alívio das tensões, pedindo aos seus aliados europeus que trabalhem no diálogo.
Espanha transfere militares
Espanha anunciou esta quarta-feira a transferência de uma parte dos seus militares destacados no Iraque para o Kuwait por razões de segurança.

“Aqueles que estavam em posições mais arriscadas foram para o Kuwait”, explicou a vice-primeira-ministra espanhola, Carmen Calvo. No Iraque apenas ficou “um número reduzido” de soldados espanhóis.

O Ministério da Defesa de Espanha assegurou, porém, que o contingente espanhol destacado no Iraque, que integra os militares portugueses no país, não sofreu qualquer ataque e que a situação está “calma e sem grandes alterações”.

Já o ministro português da Defesa, João Gomes Cravinho, assegurou que os 34 militares portugueses que se encontram na base de Besmayah, a 50 quilómetros de Bagdade, no Iraque, “estão bem” e foram adotadas “medidas de proteção reforçadas no perímetro da base”.
China quer resolução por via do diálogo
A China também reagiu ao mais recente ataque, pedindo aos Estados Unidos e ao Irão que exerçam contenção e que resolvam a sua disputa através do diálogo. Pequim tem vindo a criticar os EUA pela escalada na tensão entre Teerão e Washington.

“Não é do interesse de nenhuma das partes que a situação no Médio Oriente piore”, declarou o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que o país está em contacto com Conselho de Segurança das Nações Unidas para tentar ajudar à resolução do conflito.

A Índia e o Paquistão alertaram as suas populações para que tenham cuidado ao realizarem viagens ao Iraque.

“Tendo em conta a atual situação no Iraque, os cidadãos indianos são aconselhados a evitar viagens que não sejam essenciais ao Iraque até aviso em contrário”, declarou o Governo. “Os indianos que vivam no Iraque são aconselhados a estarem em alerta e a evitarem viajar dentro desse país”.

No Paquistão o aviso foi semelhante. “Os paquistaneses devem exercer o maior cuidado se planearem visitar o Iraque nesta altura”, disse o Ministério dos Negócio Estrangeiros.

Na Turquia, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou uma visita ao Iraque para cumprir com “os intensos esforços diplomáticos de Ancara para aliviar a escalada de tensões no rescaldo dos recentes desenvolvimentos na região”.
Curdos iraquianos fazem apelo
Os líderes do Curdistão iraquiano consideraram esta quarta-feira como “vital” o apoio da coligação militar liderada pelos Estados Unidos no combate ao autoproclamado Estado Islâmico.

“Tendo em conta os eventos recentes, em particular os desta madrugada, a região curda reitera que uma solução militar não irá resolver o problema” entre os Estados Unidos e o Irão, defenderam os líderes regionais do Curdistão iraquiano.

“Apoiamos a diminuição de tensões e esperamos uma solução diplomática e verbal do problema. Pretendemos estabilidade e paz e pedimos a todas as partes que não arrastem a região curda para as suas rivalidades”.

c/ agências
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