Tensão em Moçambique está a "baixar" mas "há outras motivações" nas manifestações
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou hoje que "há outras motivações" nas manifestações e agitação social que se regista no país desde as eleições gerais de outubro, embora reconhecendo que a tensão nas ruas está a "baixar".
"A tensão vai baixando e esperamos que baixe cada vez mais", disse o chefe de Estado, em Windhoek, onde participou na cerimónia de investidura de Ndemupelila Netumbo Nandi-Ndaitwah, nova Presidente da Namíbia.
Ao concluir a visita de trabalho de dois dias a Windhoek, Daniel Chapo sublinhou que outros países da região viveram períodos de agitação social pós-eleitorais, à semelhança de Moçambique, mas garantiu que o acordo com os partidos da oposição, assinado em 05 de março, com vista ao diálogo e pacificação, vai contribuir para a desejada "verdadeira reconciliação entre os moçambicanos".
"Pensar diferente é muito bom, porque é pensar diferente que faz crescer o país. Mas não é pensando diferente que nós podemos usar a violência, a destruição de bens públicos e privados e também a perda de vida de pessoas durante este processo, que lamentamos bastante", disse.
Em causa estão as manifestações que se registam no país desde 21 de outubro, na sequência das eleições gerais moçambicanas, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, o qual não reconhece os resultados oficiais, que deram a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), empossado como quinto Presidente em janeiro último.
"Cada um de nós, como moçambicanos, está a perceber realmente o que é que está a acontecer e em função disso a tensão vai reduzindo aos poucos. Estamos a trabalhar e vamos continuar a trabalhar para pacificar o país cada vez mais, que é o nosso objetivo", sublinhou Chapo, em declarações aos jornalistas depois de participar, também, nas celebrações do 35.º aniversário da proclamação da independência da Namíbia.
Chapo acrescentou que, para desenvolver Moçambique, é preciso "paz e segurança".
Os protestos, atualmente em pequena escala, continuam a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
"Tenho a certeza absoluta que à medida que todos nós, moçambicanos, vamos percebendo as reais motivações destas manifestações violentas, criminais e que culminam com vandalização, roubos e saques de bens públicos e privados, o povo moçambicano vai-se apercebendo que há outras motivações por detrás", apontou.
Desde outubro, pelo menos 361 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais no país.
O Governo moçambicano confirmou, por outro lado, pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.