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Tendência mundial. Há cada vez mais jovens com Covid-19 e nos hospitais

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Albert Gea - Reuters

À medida que a variante Delta se multiplica e os casos de infeção por Covid-19 aumentam, tem-se observado uma tendência por todo o mundo: os novos casos e hospitalizações são cada vez mais das faixas etárias mais jovens. O fenómeno é explicado, em parte, pela baixa taxa de vacinação nestas idades.

Nos Estados Unidos, profissionais de saúde por todo o país têm alertado para o aumento de casos e internamentos entre os mais jovens, que em muitos casos chegam mesmo a ser admitidos nos cuidados intensivos.

No Estado do Mississipi, sete crianças foram hospitalizadas nos cuidados intensivos, dois deles com suporte ventilativo.

A rápida disseminação da variante Delta, que é mais transmissível, aliada à baixa taxa de inoculação entre os jovens é uma das explicações apontadas para o aumento de casos e hospitalizações nesta faixa etária.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), a taxa de vacinação entre os mais jovens é menor em comparação com os norte-americanos mais velhos. Os dados da agência demonstram que menos de metade da população norte-americana com idade entre os 18 e os 39 anos está totalmente vacinada. A percentagem é ainda menor entre as crianças dos 12 aos 18 anos, que receberam autorização para vacinação em maio. A 7 de julho, pouco mais de seis milhões de crianças foram totalmente vacinadas nos EUA. Isso representa 36 por cento dos jovens de 16 e 17 anos e 24 por cento das crianças entre os 12 e os 15 anos.

“Por favor, fiquem seguros e se têm 12 anos ou mais, por favor, protejam-se”, apelou no Twitter Thomas Dobbs, responsável da unidade de saúde do Mississipi, um Estado onde apenas 33,5 por cento da população está totalmente vacinada.

O Presidente Joe Biden tem encorajado os norte-americanos a deslocarem-se aos centros de vacinação, com mensagens especialmente direcionadas aos mais jovens, que, segundo Biden, correm mais riscos.

Os dados são claros: se não forem vacinados correm o risco de ficar gravemente doentes, de morrer ou de disseminar a doença”, alertou Biden durante uma entrevista coletiva no mês passado. O Presidente norte-americano alertava para o perigo da variante Delta, “que é mais facilmente transmissível, potencialmente mais mortal e particularmente perigosa para os jovens”.

De forma a reforçar o apelo e a passar a mensagem aos mais jovens, a cantora e atriz Olivia Rodrigo, de 18 anos, visitou, na quarta-feira, a Casa Branca onde incentivou os jovens à vacinação. “É uma honra estar aqui hoje para ajudar a difundir a mensagem sobre a importância da vacinação entre os jovens”, disse a jovem cantora.


“Precisamos de alcançar e falar com os mais jovens. Fazer com que pessoas com menos de 18 anos, muitas das quais são grandes fãs da Olivia Rodrigo, possam ouvir da jovem cantora que ser vacinado é uma forma de se manter seguro, de garantir que pode conviver com amigos, de ir a concertos, de garantir que pode ter uma vida saudável, é uma parte importante daquilo que estamos a tentar fazer aqui”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, durante uma entrevista na quarta-feira.
Tendência comum a vários países
Para além dos EUA, a tendência de aumento dos casos e hospitalizações entre os mais jovens é comum a vários outros países.

Na Holanda, por exemplo, o número de novos casos disparou nos últimos dias para os níveis mais elevados desde o início do ano após a reabertura dos bares, restaurantes e discotecas a 26 de junho. Na semana que passou até terça-feira, as autoridades de saúde reportaram perto de 52 mil novos casos, contra 8.500 confirmados na semana anterior. As infeções são, sobretudo, entre os jovens dos 18 aos 30 anos.

Até ao momento, o novo pico de infeções não levou a um aumento notável de hospitalizações, visto que a maioria dos novos casos está entre os jovens que têm uma menor probabilidade de desenvolver doença grave e a maioria dos idosos mais vulneráveis já foram vacinados.

No entanto, o ministro holandês da Saúde, Hugo de Jonge, disse na sexta-feira que a atual baixa taxa de internamentos pode ser ameaçada por um aumento "sem precedentes" nas infeções.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, já emitiu um pedido público de desculpas, admitindo que o total levantamento das restrições no país foi uma decisão precipitada. “O que pensávamos que seria possível acabou por não se concretizar na prática”, admitiu Rutte na sexta-feira. “Fizemos uma má avaliação, a qual lamentamos e pedimos desculpas”, acrescentou.

Em Espanha, os casos começaram a aumentar a partir de meados de junho, impulsionados pela variante Delta e pela maior socialização entre os grupos mais jovens.

Os jovens continuam a ser o foco de preocupação desta nova vaga de infeções em Espanha. A incidência cumulativa na faixa etária entre os 20 aos 29 anos aumenta em 200 pontos por dia, alcançando agora os 1.509 casos por cada 100.000 habitantes nos últimos 14 dias. O segundo grupo mais atingido é o dos jovens de idades entre 12 e 19 anos, faixa etária em que se registaram 1.252 casos por cada 100.000 pessoas nos últimos 14 dias.

As Ilhas Canárias e a região de Valência pediram mesmo ao Governo que voltasse a ser decretado o recolher obrigatório para conter a crescente infeção entre os jovens não vacinados, que ameaça arruinar o turismo de verão.

Em Portugal, os doentes internados em cuidados intensivos são também cada vez mais jovens, como resultado da vacinação. No Centro Hospitalar Lisboa Central, a maioria são homens com uma média de idades a rondar os 50 anos.


Em entrevista à RTP, o médico intensivista Roberto Roncon alerta que os casos mais graves de Covid-19 são cada vez mais mortais e afetam cada vez mais a população mais jovem.
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