"Têm de pagar dívidas". Trump deixa espada a pairar sobre membros da NATO

por Carlos Santos Neves - RTP
“Têm de pagar as vossas dívidas”, clamou Donald Trump durante um comício na Carolina do Sul Randall Hill - EPA

Donald Trump reavivou este fim de semana a postura de distanciamento para com a Aliança Atlântica que marcou a sua passagem pela Casa Branca. O candidato a 47.º presidente norte-americano quis deixar claro que não tenciona garantir a segurança de países-membros da NATO que, nas suas palavras, não paguem “dívidas” à organização militar. Os adversários do magnata republicano, incluindo o gabinete de Joe Biden, apontam-lhe insensatez e afinação pela pauta do Kremlin.

Foi durante um comício na Carolina de Sul, na noite de sábado, que o antigo presidente dos Estados Unidos voltou à carga com a retórica de acrimónia para com os aliados da NATO. Deixou mesmo no ar a ideia de poder vir a fechar os olhos a uma hipotética investida russa contra países-membros da Aliança Atlântica. Isto porque, na sua ótica, estes não estão a cumprir com as respetivas obrigações de financiamento do bloco militar.

“Um dos presidentes de um grande país levantou-se e disse: e se não pagarmos e formos atacados pela Rússia vocês protegem-nos?”, afirmou Trump, referindo-se a um suposto encontro no quadro da NATO.

“Não, não vou proteger-vos. De facto, até os encorajaria a fazer-vos o que entendessem. Têm de pagar as vossas dívidas”, prosseguiu.
Este posicionamento do antigo presidente - que, ao longo seu mandato único na Casa Branca, fez abalar os alicerces da Aliança Atlântica com semelhantes afirmações públicas e à porta fechada – vem culminar uma série de ações destinadas a pressionar os legisladores republicanos no Congresso a colocarem de parte um novo pacote de assistência à Ucrânia. Tal como a reforma da política migratória dos Estados Unidos, de resto.Dotado de 95 mil milhões de dólares, o pacote atualmente bloqueado no Capitólio será discutido na próxima semana. Inclui também verbas para o apoio às estruturas militares de Israel e de Taiwan, aliado-chave dos Estados Unidos na Ásia.


A Casa Branca apressou-se a reagir ao discurso de Trump, acusando-o de insensatez.

“Encorajar a invasão dos nossos aliados mais próximos por regimes mortíferos é preocupante e insensato”, retorquiu em comunicado Andrew Bates, porta-voz da Casa Branca. Para advogar que “mais do que apelar à guerra e promover o caos o presidente Biden continuará a suportar a liderança americana”.
“A maior operação de expulsão da história”

Outra das investidas de Trump no discurso da noite de sábado teve por alvo o dossier da imigração, um dos principais cavalos de batalha na campanha para o regresso à secretária da Sala Oval.

“Não nos esquecemos de que esta semana conquistámos também uma grande vitória que todos os conservadores devem celebrar. Esmagámos o projeto desastroso desse escroque Joe Biden sobre as fronteiras abertas”, lançou.

Donald Trump prometeu fazer da expulsão de imigrantes ilegais uma prioridade política numa eventual reedição da sua presidência: “Desde o primeiro dia, porei fim a todas as políticas de abertura de fronteiras da Administração Biden e lançaremos a maior operação de expulsão nacional da história dos Estados Unidos. Não temos escolha”.

O magnata nova-iorquino venceu as primárias do Nevada e das Ilhas Virgens realizadas na passada quinta-feira, aproximando-se da nomeação presidencial do Partido Republicano e de um novo duelo com o democrata Joe Biden em novembro. São cada vez mais escassas as hipóteses da antiga embaixadora Nikki Haley, a única adversária do 45.º presidente.

c/ agências internacionais
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