Teerão denuncia "assinaturas vazias" de Washington nos acordos internacionais

por Andreia Martins - RTP
Danish Siddiqui - Reuters

Em reação à decisão dos Estados Unidos, que anunciaram esta terça-feira que vão abandonar o acordo nuclear com o Irão, o Presidente iraniano Hassan Rouhani acusou o Presidente norte-americano de procurar uma “guerra psicológica” e avisa que está em condições de acelerar o enriquecimento de urânio a qualquer momento.

Uma das primeiras reações à saída dos Estados Unidos do acordo nuclear foi mesmo de Teerão. Hassan Rouhani acusou Washington de “não respeitar acordos internacionais” e de fazer “assinaturas vazias em pedaços de papel”.  

“Ao sair deste acordo, a América está a minar oficialmente todos os seus compromissos em tratados internacionais”, sublinhou o Presidente do Irão.

“Hoje, podemos ver qual é o país que não respeita os acordos internacionais. Não fizemos nada de errado, não é aceitável que os Estados Unidos abandonem este acordo”, lamentou.  

Donald Trump anunciou esta terça-feira que os Estados Unidos vão abandonar o acordo firmado em julho de 2015 também conhecido como Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), sobre o programa nuclear iraniano, voltando dessa forma a impor as sanções económicas que desde então haviam sido levantadas.  

Nas palavras do Presidente norte-americano, o entendimento multilateral entre o Irão e o grupo P5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia) é “defeituoso até à sua essência” e não cumpre o objetivo de vedar o regime iraniano do acesso a armamento nuclear, alertando mesmo para uma possível “escalada de armamento nuclear no Médio Oriente”. 

Mesmo assim, e tal como já tinha afirmado nos últimos dias, Hassan Rouhani garante que se mantém firme no acordo “caso os objetivos do acordo sejam atingidos, em cooperação com os outros membros”.  

“Pedi ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para negociar com os países europeus, com a China e com a Rússia nas próximas semanas. Se nesse período concluirmos que podemos beneficiar do JCPOA, o acordo mantém-se”, esclarece o Presidente iraniano.  

O acordo nuclear com o Irão foi assinado em Viena em 2015, ao fim de vários meses de intensas negociações. Nos termos deste entendimento, o Irão aceitou limitar de forma significativa o enriquecimento de urânio, o que impede a produção de armas nucleares.   

Em troca, os outros países aceitaram o levantamento de várias sanções económicas e embargos à venda de petróleo e gás natural, duas das principais exportações iranianas.  

Por via deste acordo, Teerão autorizou ainda inspeções regulares às suas instalações nucleares pelos peritos da Agência Internacional da Energia Atómica. Nos últimos três anos, os especialistas da agência confirmaram em oito ocasiões que o Irão continua a cumprir com os termos estabelecidos há três anos.
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