As autoridades taliban no Afeganistão emitiram uma ordem a proibir de trabalhar todas as funcionárias afegãs das Nações Unidas, decisão que a organização denuncia como "inaceitável e francamente inconcebível". A Missão da ONU no país anunciou, esta quarta-feira, que vai reunir-se com o Governo de Cabul para clarificar esta nova interdição.
“Lembramos às autoridades que as entidades das Nações Unidas não podem operar e fornecer assistência para salvar vidas sem uma equipa feminina”, é acrescentado.
The @UN in #Afghanistan expresses serious concern that female national UN staff have been prevented from reporting to work in Nangarhar province.
— UNAMA News (@UNAMAnews) April 4, 2023
We remind de facto authorities that United Nations entities cannot operate and deliver life-saving assistance without female staff. pic.twitter.com/2Bt8kPJVSl
“Os nossos colegas no terreno na missão da ONU no Afeganistão receberam a notícia de uma ordem das autoridades que proíbe o trabalho de mulheres nacionais que sejam funcionárias da ONU”, confirmou em conferência de imprensa o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas.
Stéphane Dujarric adiantou que ainda estava a ser analisada tal decisão governamental e como pode afetar as “operações no país”, mas que estavam previstas “mais reuniões com as autoridades” em Cabul.
"Se essa medida não for revertida, inevitavelmente prejudicará a nossa capacidade de fornecer ajuda e salvar vidas", lamentou o secretário-geral das Nações Unidas, numa publicação no Twitter.
I strongly condemn the prohibition of our Afghan female colleagues from working in Afghanistan’s Nangarhar province.
— António Guterres (@antonioguterres) April 4, 2023
If this measure is not reversed, it will inevitably undermine our ability to deliver life-saving aid to the people who need it.
Em comunicado, a ONU critica a decisão dos taliban, classificando-a como "a mais recente de uma tendência perturbadora de decretos" que prejudicand as organizações de ajuda humanitária no país.
“Não é preciso dizer, mas, infelizmente, é preciso dizer que a equipa feminina é essencial para que as Nações Unidas prestem assistência que salva vidas ”, disse também Dujarric. "As mulheres do nosso quadro são essenciais para que as Nações Unidas prestem uma ajuda vital".
Estas normas governamentais, "violam os direitos fundamentais das mulheres e infringem o princípio da não discriminação”.
“Funcionários do sexo feminino são essenciais para garantir a continuação das operações da ONU no Afeganistão", ressalvou a ONU no comunicado.O Afeganistão tem cerca de 40 milhões de pessoas e a ONU tem tentado levar ajuda humanitária a perto de 23 milhões de homens, mulheres e crianças.
“Continuaremos a tentar todos os caminhos para garantir que possamos alcançar as pessoas mais vulneráveis, especialmente mulheres e meninas”.