O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, defendeu hoje a importância estratégica e económica de Taiwan para a Europa, depois de o Presidente francês ter sugerido um distanciamento europeu num eventual conflito.
"Taiwan é crucial para a Europa", disse Borrell na abertura de um debate sobre a China no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, citado pela agência francesa AFP.
Taiwan tem estado no centro das divergências entre a China, que ameaça invadir a ilha se declarar a independência, e os Estados Unidos da América (EUA), principal aliado e fornecedor de armas de Taipé.
"Este é o estreito mais estratégico do mundo, especialmente no que diz respeito ao comércio: temos de estar presentes lá através de operações de liberdade de navegação", disse o chefe diplomático da UE.
O Estreito de Taiwan, com apenas 130 quilómetros no ponto mais próximo entra a ilha e o continente chinês, é o principal ponto de passagem das mercadorias da região para os mercados mundiais.
Borrell falou do risco de uma ação da China contra Taiwan, que disse dever "ser rejeitada de qualquer forma" por razões morais.
"Isto teria implicações estratégicas muito sérias para nós, porque Taiwan tem uma das indústrias mais avançadas para a produção de semicondutores", disse também.
O Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança apelou para "evitar provocações de onde quer que venham" e para "um regresso ao `statu quo`" que tem permitido a coexistência entre a China e Taiwan.
"Taiwan está firmemente dentro do nosso perímetro estratégico para garantir a paz, para defender os nossos interesses", acrescentou o diplomata espanhol.
Os comentários de Borrell surgem menos de dez dias após a publicação de uma entrevista em que o Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou para que a UE não seguisse os EUA ou a China na questão de Taiwan.
Na entrevista, divulgada em 09 de abril, no final de uma visita oficial à China, Macron recusou-se a aceitar "uma lógica de bloco a bloco" sobre a questão de Taiwan.
"A nossa prioridade não é adaptarmo-nos à agenda dos outros em todas as regiões do mundo", afirmou então.
Dias mais tarde, durante uma visita aos Países Baixos, Macron assumiu as declarações sobre Taiwan e acrescentou que ser aliado dos EUA "não significa ser um vassalo".
"A França é a favor do `statu quo` em Taiwan, apoia a política de uma só China e a procura de uma solução pacífica para a situação", acrescentou.
A China e Taiwan são governadas separadamente desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, mas Pequim considera a ilha democrática como uma das suas províncias.
A ilha, atualmente com 23 milhões de habitantes, vive autonomamente desde então, e a China ameaça tomá-la pela força se declarar a independência, o que consideraria uma quebra da situação nas últimas décadas.