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Taiwan deve afirmar "mais ponderamente" a sua "soberania de facto" face à China

por Lusa
Ritchie B. Tongo - EPA

O grupo de reflexão International Crisis Group defende que Taiwan deve afirmar "mais ponderamente" a sua "soberania de facto" face à China, enquanto Pequim deve diminuir o "assédio militar", com Washington a reposicionar-se como `fiel da balança` regional.

"Taipé deve regressar a afirmações mais ponderadas da sua soberania de facto, Pequim deve reduzir o seu assédio militar a Taiwan e Washington deve recordar a ambas as partes porque é que isso é do seu interesse", refere o mais recente relatório do `think tank` intitulado "O aumento da divisão no Estreito de Taiwan".

A análise surge num contexto de crescentes tensões entre os dois territórios após a eleição este ano de William Lai como Presidente da ilha, com governo autónomo mas que Pequim considera como uma província sua.

Esta quinta-feira, na sequência do lançamento pela China de um míssil balístico intercontinental, Taipé instou Pequim a agir com "racionalidade e autocontrolo e a pôr termo a todas as atividades que prejudiquem a paz e a estabilidade e aumentem as tensões".

"Só assim poderão ser satisfeitos os interesses e as expectativas dos países da região", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, depois de o Ministério da Defesa chinês ter referido que o lançamento do projétil, que transportava uma ogiva explosiva, pretendia "testar o desempenho do seu armamento e a eficácia do seu treino militar".

Para o Crisis Group, é "improvável" uma guerra a "curto prazo", mas a "continuação da via do confronto reduzirá o espaço para os dois governos gerirem as suas diferenças a longo prazo".

Assim, "ambas as partes devem procurar manter os canais de comunicação" e "Washington deve recordar tanto a Taipé como a Pequim as vantagens de retomar posturas mais flexíveis".

Na base destas conclusões está o facto de Pequim "ver mais riscos do que recompensas" numa reunificação por meio da força: além do "risco de entrar num conflito direto com os EUA", a China enfrenta "descontentamento devido ao abrandamento do crescimento económico e à corrupção nas suas forças armadas".

"Embora a China tenha adotado medidas de retaliação contra Taiwan e os EUA, também continuou a projetar a confiança de que a unificação acabará por acontecer e minimizou o significado da postura mais confrontacional de Lai", que foi caracterizado por Pequim como um "agitador".

Pôr `água na fervura` faz ainda mais sentido face às "incertezas" sobre qual a abordagem da nova administração norte-americana, que resultará das eleições de novembro, lê-se no relatório.

Até às eleições e "idealmente" também depois, o Crisis Group sugere aos norte-americanos que comuniquem a Pequim que uma postura mais `musculada` terá um "custo adicional para a sua reputação" e "acelerará os esforços dos EUA e dos seus aliados asiáticos para contrabalançar a crescente influência" chinesa.

"Ao mesmo tempo, os EUA devem deixar claro a Pequim que não encorajaram Lai a adotar uma postura mais dura", enquanto continuam a apoiar as reformas de defesa da ilha para clarificar a Pequim qual o "custo de uma agressão militar".

"Mas também é importante que Washington recorde a Taipé os benefícios de um tom mais comedido ao falar da sua soberania, nomeadamente o apoio contínuo dos EUA e de outras potências estrangeiras", acrescenta-se no relatório.

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