O Supremo Tribunal da Roménia decidiu-se esta sexta-feira pela anulação dos resultados da primeira volta das eleições presidenciais, que colocavam à frente do escrutínio o candidato de extrema-direita e pró-Rússia Calin Georgescu.
Esta decisão judicial segue-se à desclassificação de documentos dos serviços secretos do país que apontam para "agressivos ataques cibernéticos" com origem na Rússia.
"O processo eleitoral para eleger o presidente da Roménia será totalmente repetido e o governo estabelecerá uma nova data e o calendário para as medidas necessárias", determinou o Supremo Tribunal em comunicado, explicando que decidiu anular a primeira volta das presidenciais "para garantir a exatidão e a legalidade do processo eleitoral".
O primeiro-ministro romeno, Marcel Ciolacu, diz que a decisão do tribunal é "a única decisão correta", depois de documentos desclassificados terem revelado interferência russa nas eleições.
O primeiro-ministro romeno, Marcel Ciolacu, diz que a decisão do tribunal é "a única decisão correta", depois de documentos desclassificados terem revelado interferência russa nas eleições.
A segunda volta das eleições presidenciais estava marcada para o próximo domingo e a votação está já a decorrer nas assembleias de voto no estrangeiro. Esta segunda volta teria colocado Calin Georgescu, um candidato pró-Rússia de extrema-direita, a concorrer contra a líder centrista pró-UE Elena Lasconi.
Lasconi condenou veementemente a decisão do tribunal, considerando que a votação deveria ter continuado, “respeitando a vontade do povo romeno”.
A candidata centrista considera que a decisão “atropela a democracia” e “destrói 35 anos de progresso”.
A candidata centrista considera que a decisão “atropela a democracia” e “destrói 35 anos de progresso”.
"Gostemos ou não, de um ponto de vista legal e legítimo, nove milhões de cidadãos romenos, tanto no país quanto na diáspora, expressaram sua preferência por um determinado candidato. Não podemos ignorar a vontade deles!", afirmou.
Georgescu era uma figura quase desconhecida na Roménia e as sondagens atribuíam-lhe apenas cinco por cento das intenções de voto. No entanto, Georgescu acabou por vencer a primeira volta das presidenciais, com 23% dos votos. Elena Lasconi ficou em segundo lugar, com 19% dos votos, e o primeiro-ministro Marcel Ciolacu, do Social-Democrata, ficou em terceiro lugar.
Os documentos revelados esta semana pelos serviços secretos da Roménia mostram que Georgescu foi "agressivamente" promovido na rede social TikTok e terão também sido furtados dados de acesso a sites eleitorais de utilizadores legítimos e posteriormente publicados "em plataformas de crimes cibernéticos originárias da Rússia".
Os documentos revelados esta semana pelos serviços secretos da Roménia mostram que Georgescu foi "agressivamente" promovido na rede social TikTok e terão também sido furtados dados de acesso a sites eleitorais de utilizadores legítimos e posteriormente publicados "em plataformas de crimes cibernéticos originárias da Rússia".
Georgescu disse que gastou “zero” do fundo na campanha em promoção eleitoral e nega ter feito qualquer ação de propaganda da rede social, mas os documentos contradizem o candidato de extrema-direita e revelam conteúdo pago em apoio de Georgescu e promovido no TikTok.
Nestes documentos, as autoridades romenas identificam uma conta do TikTok que fez pagamentos de 361.872 euros durante um mês, a partir de 24 de outubro, para utilizadores que estavam a promover Georgescu.
Nestes documentos, as autoridades romenas identificam uma conta do TikTok que fez pagamentos de 361.872 euros durante um mês, a partir de 24 de outubro, para utilizadores que estavam a promover Georgescu.
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