Supremo brasileiro decide levar Jair Bolsonaro a julgamento por golpe de Estado
O ex-presidente brasileiro e outros sete aliados civis e militares vão ser levados a julgamento por tentativa de golpe de Estado, decidiu o coletivo do primeiro juízo do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil.
"Eu sou golpista? Em oito de janeiro (de 2023) eu estava nos Estados Unidos, uma das cinco acusações contra mim é destruição de património, só se for por telepatia (...). (Fizeram) três busca e apreensão em casa, não acharam nada a meu respeito", declarou.
Embora tenha afirmado não ter tido nenhuma influência no ataque a Brasília realizado pelos seus apoiantes, o ex-Presidente defendeu uma amnistia para os autores desses atos para "passar a borracha" e "fazer o Brasil voltar à normalidade."
Bolsonaro reconheceu, porém, que discutiu "hipóteses de dispositivos constitucionais" com os comandantes das Forças Armadas, mas considerou que "isso não é crime", tentando rebater a acusação da PGR que o acusa de ter apresentado uma minuta de decreto para convencer a cúpula militar a aderir a uma intervenção na Justiça eleitoral.
Bolsonaro voltou a atacar as urnas eletrónicas, comparou o sistema de votação do Brasil com o da Venezuela e refirmou que a Justiça do Brasil influenciou a sua derrota nas eleições presidenciais, alegando que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) "jogou pesado" contra ele "e a favor do candidato Lula (da Silva)".
"Quero dizer aos que não gostam de mim em Brasília: as eleições sem Bolsonaro são uma negação da democracia no Brasil", disse o ex-presidente, empoleirado num palanque com um cartaz que mostrava o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o punho erguido, após o ataque sofrido durante a campanha eleitoral, na Pensilvânia, em julho passado.
"Tudo isto se deve ao facto de me quererem preso ou morto", denunciou o ex-presidente.
"Fabricaram esta história sobre o golpe, e agora tenho de provar que sou inocente", declarou ainda, referindo-se à acusação do Ministério Público, dele ter engendrado o ataque aos três poderes governamentais ocorrido no início do ano de 2023, uma semana após a tomada de posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesse dia, milhares de bolsonaristas invadiram e vandalizaram os edifícios da presidência, do Parlamento e do Supremo Tribunal Federal em Brasília, incitando as Forças Armadas a derrubar o novo governo.
Bolsonaro e cerca de trinta dos seus colaboradores mais próximos são acusados também de terem conspirado para impedir a investidura de Lula, que o tinha derrotado nas eleições de outubro de 2022.
Janot baseou a sua acusação num extenso relatório policial, divulgado em novembro passado, que revelou que Bolsonaro terá tido "pleno conhecimento" de um plano para assassinar o então Presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.