Supremo brasileiro dá mais tempo para investigação de "milícias digitais"

por Lusa

O Supremo Tribunal Federal do Brasil autorizou hoje a Polícia Federal a investigar por mais 90 dias a existência de uma rede de "milícias digitais", como parte de uma investigação que tem como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Esta é a nona vez que a mais alta instância judicial do país prolonga esta investigação contra uma alegada organização criminosa dedicada à desinformação através das redes sociais com o objetivo de "minar a democracia e o Estado de direito".

"O inquérito investiga a existência de uma organização criminosa, de atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político, com a finalidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito", sintetizou assim o Juiz Alexandre de Moraes, na decisão em que aceitou um pedido da Polícia Federal para o prorrogar por 90 dias, a fim de concluir as diligências em curso.

A investigação começou nas chamadas "fake news" nas redes sociais, alegadamente espalhadas por parlamentares e ativistas da base de extrema-direita que apoiou o Governo de Bolsonaro.

Mas, mais tarde, estendeu-a à produção e financiamento de conteúdos falsos com o objetivo de corroer a democracia.

Foi em 2021 que Alexandre de Moraes autorizou a inclusão de Bolsonaro com a intenção de "apurar se, ilicitamente", o agora ex-presidente "contribuiu para a disseminação de notícias fraudulentas sobre a conduta de membros do Supremo Tribunal Federal e contra o sistema de votação do Brasil".

Já em outubro de 2023, o magistrado, alvo de graves ameaças por parte de apoiantes da extrema-direita, autorizou a inclusão do relatório final elaborado por uma comissão parlamentar sobre a tentativa de golpe de Estado perpetrada por milhares de apoiantes pró-Bolsonaro a 08 de janeiro desse ano.

A comissão parlamentar acusou o próprio Bolsonaro de ter sido o "mentor intelectual e moral" do movimento golpista que, a 08 de janeiro de 2023, invadiu as sedes dos três poderes.

Especificamente, propôs a acusação de Bolsonaro pelos alegados crimes de associação ilícita, violência política, abolição violenta do Estado de direito e golpe de Estado.

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