Suécia. Alerta antiterrorismo reforçado após profanação do Corão

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Manifestantes iraquianos seguram o Corão durante um protesto contra a queima de um exemplar do Corão e da bandeira iraquiana na capital sueca Estocolmo, em Bagdade, Iraque, 22 de julho de 2023. Khalid Al-Mousily - Reuters

Esta quinta-feira, a Suécia reforçou o alerta antiterrorismo após a ocorrência de diversos incidentes envolvendo a profanação do Corão que levaram à deterioração da imagem e da segurança no país.

A situação de segurança na Suécia tem vindo a deteriorar-se de dia para dia após o aumento das tensões entre o país escandinavo e o mundo muçulmano, na sequência das queimas do livro sagrado islâmico – o Corão - que ocorreram no país e originaram vários protestos e incidentes.

“Os protestos no mundo muçulmano impactaram negativamente a imagem da nação”, alertaram quarta-feira os serviços secretos suecos, em comunicado.

Nesta quinta-feira, face à mudança da imagem do país que, segundo considera a mesma fonte, passou de “tolerante para um país hostil ao Islão e aos muçulmanos”, Estocolmo ordenou a 15 organismos e administrações do Estado, desde as forças armadas às autoridades fiscais e à polícia, que “intensificassem o seu trabalho” e reforçassem a segurança contra o terrorismo.

De acordo com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, a destruição do Corão “aumentou os riscos para a Suécia", lê-se numa publicação no seu perfil da rede social Instagram. Kristersson já tinha alertado, na quarta-feira, para as campanhas de desinformação que têm visado o país.


O primeiro-ministro acrescenta que a situação atual é “muito grave” e que, “na linguagem dos serviços de segurança”, o país passou “de um alvo legítimo a um alvo prioritário”.

O ministro da Justiça, Gunnar Strömmer, explicou numa conferência de imprensa que o objetivo é reforçar a capacidade da Suécia "para se proteger, dissuadir e combater o terrorismo e a violência extremista".

A 28 de junho, o iraquiano Salwan Momika, de 37 anos, queimou algumas páginas do Corão frente à Grande Mesquita de Estocolmo, na Suécia. O ato, condenado posteriormente por Estocolmo, sucedeu durante um protesto autorizado pelas autoridades suecas e “em cumprimento do direito à liberdade de reunião e expressão protegidos pela Constituição”, esclareceu então o Governo sueco.

Posição fortemente criticada por vários países do mundo árabe, como a Arábia Saudita, Marrocos, Jordânia e Emirados Árabes Unidos e que desencadeou diversos incidentes, como a invasão e o incêndio da embaixada sueca em Bagdade por centenas de iraquianos. Além disso, a embaixadora sueca foi expulsa de Bagdade e o Iraque garantiu que não aceitaria um novo embaixador sueco no seu território.

Na semana passada, o refugiado iraquiano que tinha prometido repetir o ato, voltou a espezinhar e a destruir repetidamente um exemplar do livro sagrado muçulmano em frente à embaixada do Iraque em Estocolmo, sem pegar fogo mas gritando ao longo do ato "Allah akbar" ("Deus é o maior!", em português).

c/ agências
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