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Suécia abandona investigação a explosões dos gasodutos Nord Stream

por RTP
Reuters

Os procuradores suecos anunciaram o abandono das investigações à sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, ocorrida em 2022, deixando sem resposta a questão da responsabilidade. Concluíram que não têm jurisdição no caso.

Os gasodutos deveriam ser a nova ligação energética entre a Rússia e a Europa, mas foram destruídos numa série de explosões em setembro de 2022, após a invasão da Ucrânia.

Ao fim de 16 meses de inquéritos, a investigação concluiu que os procuradores não possuem jurisdição no caso, porque nem os cidadãos nem os interesses da Suécia foram prejudicados. 

"A investigação concluiu que a jurisdição sueca não se aplica e que as investigações deverão por isso ser encerradas", explicou esta quarta-feira a procuradoria sueca.

A Suécia analisou o tráfego marítimo e realizou análises forenses e interrogatórios. Os procuradores referiram que a investigação procurou "estabelecer se cidadãos suecos estiveram envolvidos e se o território foi utilizado para realizar o atentado e dessa forma colocando em risco os interesses suecos ou a segurança da Suécia".

O procurador sueco Mats Ljungqvist, que liderou a investigação do país nórdico, afirmou à agência Reuters que, "temos uma imagem do que sucedeu e não podemos entrar em detalhes sobre o que essa imagem indica, mas leva-nos a concluir que não temos jurisdição".
Troca de acusações
Os Nord Stream, orçados em milhares de milhões de euros, deveriam transportar gás russo até à Alemanha sob a superfície do Mar Báltico. Foram danificados por pelo menos três explosões submarinas, registadas em águas suecas e dinamarquesas.

A Suécia e a Dinamarca referiram que as explosões foram provocadas por explosivos e Ljungqvist afirmou que um "ator estatal" deveria estar por trás do ataque. Nenhum país apontou o dedo a qualquer suspeito, até agora, com a Rússia a liderar a lista dos responsáveis mais prováveis.

As autoridades dinamarquesas e alemãs ainda prosseguem as suas próprias investigações aos ataques, considerados entre os atos de espionagem mais ousados das décadas recentes. A polícia em Copenhaga já indicou que as suas investigações deverão igualmente ser concluídas em breve.

A Rússia acusou os Estados Unidos, de terem causado as explosões, explicando que lhes interessava interromper os fornecimentos de gás russo à Europa.

Quarta-feira, o porta-voz do Kramlin, Dmitry Peskov, criticou a decisão sueca de encerrar a investigação, dizendo que Moscovo aguarda agora para ver se a Alemanha irá prosseguir o inquérito.

"A Alemanha é o país que perdeu um bem muito importante, as empresas alemãs participaram num esforço conjunto na operação dos gasodutos que foram destruídas num ataque terrorista a estas infraestruturas essenciais", considerou Peskov.
A hipótese ucraniana
Os Estados Unidos apontaram o dedo à Rússia, com alguma imprensa norte-americana, como o New York Times, a reportar que um grupo ucraniano não afiliado com Kiev poderia ter estado envolvido, referindo a presença de um iate, o Andrómeda, nas águas sobre os gasodutos antes das explosões.

Os relatos revelaram que, a bordo da embarcação, fretada na Alemanha, seguiram seis pessoas. Antes das explosões o Andrómeda tinha viajado até à Dinamarca e depois até à Polónia.

A Ucrânia negou qualquer envolvimento nas explosões e outros analistas repudiaram a alegada pista, referindo as dificuldades de uma pequena equipa num barco de recreio conseguir transportar e implantar a quantidade de explosivos necessária para produzir as explosões.

Em 2023, o ministro alemão da Defesa sugeriu que os ataques poderiam ter sido uma tentativa de incriminar a Ucrânia.

Um relatório das Nações Unidas referiu que as explosões tiveram uma potência equivalente à de várias centenas de quilos de explosivos. Uma delas registou o equivalente a um abalo de 2.5 na escala de Richter. 

Os rebentamentos romperam os gasodutos deixando escapar grandes quantidades de gás metano, as maiores jamais registadas de uma só vez de acordo com a ONU.
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