Sudão pede condenação do apoio dos Emirados Árabes Unidos à milícia que controla Darfur
O Governo do Sudão pediu hoje à comunidade internacional a condenação clara e medidas contra os Emirados Árabes Unidos (EAU), que acusou de ter responsabilidade direta nos graves crimes que estão a acontecer no seu território.
Segundo o executivo sudanês, os EAU estão a fornecer armamento aos paramilitares das Forças de Ação Rápida (FAR), uma das partes em conflito no Sudão.
Estes últimos protagonizaram um levantamento contra o Governo e o seu exército, de quem até então eram aliados, conduzindo o país para um novo conflito armado interno.
Na semana passada, tomaram o controlo de Al Fasher, a última grande cidade que ainda não estava nas suas mãos no estado ocidental de Darfur, após um cerco de um ano e meio, onde foram reportados graves crimes contra a população.
"Isto é um genocídio, não um vazio de poder. O financiamento das armas, das munições e dos veículos está a cargo de um fornecedor estrangeiro, bem conhecido, e isso viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, acusou hoje o embaixador do Sudão na sede europeia da ONU em Genebra, Hassan Hamid, numa conferência de imprensa.
O diplomata identificou imediatamente os Emirados Árabes Unidos como esse fornecedor e exigiu que "parassem de financiar uma milícia terrorista", ao mesmo tempo que pediu aos restantes países que responsabilizassem aquele país por este comportamento.
A este respeito, sustentou que o fornecimento de armas à FAR implica também uma violação dos contratos de venda de material de guerra, que formalmente tem outro destino, mas é ilegalmente desviado para o grupo armado.
Nas suas críticas aos países que podem ter influência no conflito no seu país, Hamid disse que "o silêncio torna possível o genocídio" e que, neste caso específico, "ser neutro é igual a manter o silêncio".
Sobre o interesse demonstrado pelos Estados Unidos em mediar o conflito sudanês e a sua proposta conjunta com o Egito, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita para alcançar uma trégua humanitária de três meses, seguida de um cessar-fogo permanente e de uma transição política para um governo civil no Sudão, o embaixador disse que todo esforço de paz deve ser realizado, seguindo o roteiro apresentado pelo seu governo.
De acordo com o executivo sudanês, antes de qualquer negociação de cessar-fogo, as FAR devem depor as armas e fazer outras concessões.