Sudão do Sul. Guterres evoca memória da guerra civil e insta líderes a "baixarem as armas"
O secretário-geral da ONU afirmou hoje que a atual situação no Sudão do Sul "lembra sombriamente" as guerras civis de 2013 e 2016, que mataram 400.000 pessoas, e instou os líderes locais a "baixarem as armas".
"Pelo bem do povo sofredor do Sudão do Sul, é tempo de diálogo e de apaziguamento. O Corno de África já está em crise e não pode suportar outro conflito. Nem o povo do Sudão do Sul. Aos dirigentes daquele país, digo: Acabem com a política de confronto", pediu António Guterres numa declaração à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.
O líder das Nações Unidas pediu ainda a libertação dos oficiais militares e civis detidos e que se restaure completamente o Governo de Unidade Nacional, avaliando que "todas as nuvens escuras de uma tempestade perfeita caíram sobre o povo do mais novo país do mundo -- e um dos mais pobres".
"O Sudão do Sul pode ter desaparecido do radar mundial, mas não podemos deixar que a situação caia no abismo. Agora, mais do que nunca, os líderes do Sudão do Sul devem ouvir uma mensagem clara, unificada e retumbante: Baixem as armas. Coloquem todo o povo do Sudão do Sul em primeiro lugar", apelou.
A instabilidade no país começou a aumentar com confrontos violentos em 04 de março, quando uma milícia rebelde, o Exército Branco, tomou uma guarnição do exército na cidade de Nasir, no norte do Sudão do Sul, e raptou soldados, incluindo um comandante superior, o que desencadeou várias detenções em Juba contra apoiantes da oposição liderada por vice-Presidente sul-sudanês.
Na quarta-feira, o vice-Presidente, Riek Machar, foi detido pelas forças leais ao Presidente sul-sudanês e o partido de Machar declarou o fim do acordo de paz que tinha posto termo a cinco anos de uma guerra civil sangrenta entre as forças de Kiir e Machar.