O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, tem encontro marcado esta sexta-feira com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington. Em cima da mesa deverão estar os próximos passos a tomar para apoiar a Ucrânia, incluindo a possibilidade de autorizar Kiev a utilizar mísseis de longo alcance em território russo.
Vladimir Putin já alertou, porém, que permitir que a Ucrânia ataque o território russo com mísseis de longo alcance significaria que "os países da NATO estão em guerra com a Rússia" e que "isso iria alterar a própria natureza do conflito".
Já no avião a caminho de Washington, Keir Starmer reagiu às declarações de Putin, frisando que foi a Rússia que iniciou o conflito ao invadir ilegalmente a Ucrânia. “A Rússia pode acabar com este conflito imediatamente”, vincou.
Esta semana, o presidente dos EUA disse estar a "trabalhar" para autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance contra a Rússia. Segundo a imprensa britânica, Joe Biden está disposto a permitir que Kiev utilize mísseis britânicos e franceses com tecnologia americana, mas não os próprios mísseis norte-americanos.
Atualmente, Washington permite que Kiev ataque apenas alvos russos nas zonas ocupadas da Ucrânia e alguns nas regiões fronteiriças russas diretamente ligadas às operações de combate de Moscovo.
Biden tem apoiado firmemente a Ucrânia desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, fornecendo milhares de milhões de dólares em ajuda. No entanto, tem-se mostrado relutante em acelerar o fornecimento de armas, com a Ucrânia a ter de esperar até este ano para receber os aguardados caças F-16.
A visita de Starmer a Washington esta sexta-feira é a segunda desde que tomou posse em julho. O encontro com Joe Biden na Sala Oval está marcado para as 16h30 locais (21h30 em Lisboa). "Trata-se de reuniões estratégicas para discutir a Ucrânia e o Médio Oriente", afirmou o líder britânico na quinta-feira.
Tensão crescente
A reunião acontece depois de, esta semana, os chefes da diplomacia americana e britânica, Antony Blinken e David Lammy, terem realizado uma rara visita conjunta a Kiev."Vamos adaptar-nos conforme necessário, especialmente no que diz respeito aos meios de que a Ucrânia dispõe para se defender eficazmente contra a agressão russa", afirmou então o secretário de Estado norte-americano.
Perante este cenário de tensões crescentes, o Serviço Federal de Segurança da Rússia anunciou na sexta-feira que retirou a acreditação a seis diplomatas da embaixada britânica em Moscovo por suspeita de espionagem.
A reunião desta sexta-feira acontece também em altura de campanha presidencial nos Estados Unidos. No debate desta semana entre a candidata democrata Kamala Harris e o seu rival republicano Donald Trump, este prometeu que, se fosse eleito, iria concretizar um acordo para acabar com a guerra, mas em nenhum momento disse esperar que fosse a Ucrânia a vencer.
Já Harris prometeu continuar a apoiar fortemente a Ucrânia, seguindo a estratégia da Administração Biden.
c/ agências