Sri Lanka lembrou hoje com dois minutos de silêncio e uma viagem de comboio as 35 mil pessoas que morreram no país, devido ao tsunami no oceano Índico há 20 anos.
A 26 de dezembro de 2004, um sismo de magnitude 9,1 ao largo da costa ocidental da ilha indonésia de Samatra gerou ondas gigantescas que varreram a Indonésia, o Sri Lanka, a Índia, a Tailândia e nove outros países do oceano Índico, fazendo vítimas até nas Maldivas e na distante Somália.
Além dos mortos, o tsunami deixou cerca de cinco mil desaparecidos no Sri Lanka, nação de 22 milhões de habitantes.
O país observou dois minutos de silêncio e organizou dezenas cerimónias e eventos religiosos para não esquecer a tragédia.
Em Colombo, centenas de pessoas celebraram o que é atualmente conhecido no país como o Dia da Segurança com uma viagem de comboio entre a capital e a cidade de Galle.
Um percurso que percorre a costa sudoeste da ilha e passa pelo mesmo local onde há exatamente 20 anos um comboio com mais de mil passageiros a bordo foi levado pelas ondas do tsunami.
"O comboio parou no local onde parou há 20 anos e as pessoas foram até à estátua memorial para recordar aqueles que perderam a vida naquele dia. Mais de mil pessoas que viajavam no comboio atingido pelo tsunami foram sepultadas neste local", disse à agência de notícias EFE o monge budista Vimala Thero, que todos os anos organiza esta homenagem.
Kumudu Priyantha, um pai que perdeu quatro filhas e a mulher durante o desastre, também esteve no evento. A casa desta família ficava perto do local onde parava o comboio, conhecido como Ocean Queen Express (Expresso Rainha do Mar).
"O comboio parte de Colombo e chega aqui às 09:26 [03:56 em Lisboa], onde faz uma paragem de cerca de 15 minutos antes de seguir para Matara", disse Priyantha à EFE.
Apenas uma das filhas, com 07 anos na altura, sobreviveu ao tsunami juntamente com o pai.
O diretor do Centro de Gestão de Desastres do Sri Lanka disse que as autoridades organizaram cerca de 20 workshops para formar jovens na prevenção de riscos face a desastres naturais.
Pradeep Kodippili acrescentou que foram criados mecanismos de segurança para evitar novos desastres ou mitigar o impacto, através da implementação de sistemas de alerta precoce.
De acordo com peritos, a falta de um sistema de alerta devidamente coordenado em 2004 agravou as consequências da catástrofe.
Desde então, cerca de 1.400 estações em todo o mundo reduziram o tempo de alerta de tsunami para apenas alguns minutos.
No total, o tsunami causou 226.408 mortos, de acordo com a EM-DAT, uma base de dados mundial reconhecida sobre catástrofes. O país mais afetado foi a Indonésia, com 165.708 vítimas.
Na velocidade máxima, as ondas quebraram a quase 800 quilómetros por hora e atingiram alturas de até 30 metros, libertando uma energia equivalente a 23 mil vezes a potência da bomba atómica largada sobre a cidade japonesa de Hiroshima em 1945.