NASA escolhe SpaceX para criar modulo espacial para retirar Estação Espacial de órbita

por Nuno Patrício - RTP
Concepção artistica do futuro veiculo USDV. Créditos SpaceX/NASA

A NASA escolheu a SpaceX para construir um módulo espacial para tirar a Estação Espacial Internacional da órbita terrestre, previsto para o final desta década. O modelo baseia-se na nave espacial Dragon, numa versão mais aprimorada e adaptada para este fim.

O anuncio foi realizado, esta quarta-feira, durante uma conferência de imprensa, onde representantes da NASA e da SpaceX revelaram alguns dos detalhes superficiais sobre a futura nave espacial - United States Deorbit Vehicle (USDV).

Neste anuncio a NASA revelou que o custo para a construção do USDV pode atingir aos 775 milhões de euros.
Uma versão adptada, para maior, do modelo Dragon
O USDV será uma versão modificada da nave espacial Dragon, da SpaceX. O modelo apresentado pela SpaceX revela um tronco significativamente maior e um número superior de propulsores Draco.

A nova nave contará assim com 46 propulsores Draco, sendo 16 destinados ao controle de atitude e 30 para executar as manobras necessárias para reduzir a órbita da estação no final de sua vida útil, explicou Sarah Walker, diretora de gestão das missões Dragon, na SpaceX.

A secção do tronco, que foi “aprimorada”, terá o dobro do tamanho da versão padrão e incluirá motores, tanques combustivel, sistemas de geração de energia e outros componentes.
A atual versão Dragon (cargo e tripulada) apresenta um corpo reduzido e sem sistema de propulsão

A nova secção trazeira da Dragon poderá armazenar seis vezes mais combustivel do que a atual Dragon e gerar e armazenar três a quatro vezes mais energia.

Sara Walker descreveu-a como “quase uma nave espacial por si só”.

Após a construção pela SpaceX, a NASA será responsável pela operação e posse do USDV.

Quando o USDV chegar a Estação Espacial Internacional (EEI) e for verificado, a equipa da EEI permitirá que a órbita da estação decaia naturalmente, com a tripulação final saindo quando a altitude da estação, atualmente cerca de 400 quilómetros, atingir 330 quilómetros.

A órbita da Estação continuará então a decair, durante aproximadamente mais seis meses, antes que a NASA utilize o USDV para uma retirada controlada da estação.

A NASA está ainda a estudar o melhor local para a quedas dos destroços da EEI, mas está a analisar já um área oceânica, num corredor estreito com, aproximadamente 2 mil quilómetros.
Dana Weigel, gerente do programa NASA EEI, referiu nesta reentrada controlada a Agência Espacial norte-americana conta que a Estação se fragmente de tal forma, estimando que os destroços que sobrevivam à reentrada, e caiam nesse corredor, variem entre o tamanho de um micro-ondas a um carro.

O USDV terá uma massa estimada superior a 30 mil quilos, onde já se incluem 16 quilos de combustível.

Devido ao peso do veículo, a NASA vai precisar de um lançador de classe mais pesada, diferente do Falcon 9 usado atualmente para missões Dragon. A agência espacial planeja adquirir o veículo de lançamento separadamente, pelo menos três anos antes da data do lançamento.
“Se surgir a oportunidade de a SpaceX lançar o USDV, estaremos felizes em apoiar”, disse Walker.

Havia mais uma empresas a competir pelo contrato do USDV, a Northrop Grumman. Mas de acordo com a declaração, de seleção, da NASA, a proposta da Northrop tinha um custo “significativamente mais alto” do que a da SpaceX, para além da empresa ter recebido classificações mais baixas em adequação à missão e desempenhos passados.

“Fiquei muito satisfeito com as propostas que recebemos”, comentou Ken Bowersox, administrador associado da NASA para operações espaciais. “Eu esperava mais algumas propostas, mas fiquei contente com as que recebemos.”

Weigel acrescentou que “a NASA esperava conseguir mais algumas propostas, mas não foi uma surpresa ter recebido apenas essas duas”, sublinhou.
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