Se o mais recente ex-Presidente dos Estados Unidos formasse agora um partido, captaria eleitores de todos os quadrantes políticos. A maioria seria roubada ao Partido Republicano mas também há independentes e uma minoria de democratas a admitirem que seguiriam Donald Trump na aventura.
De acordo com os dados recolhidos, cerca de 64 por cento dos eleitores inscritos como votantes do Partido Republicano consideraram provável vir a aderir a uma nova formação política liderada por Trump. Há mesmo 32 por cento entre eles para quem essa possibilidade seria mesmo provável. Os restantes 36 por cento disseram ser pouco ou muito improvável vir a militar num partido fundado pelo ex-Presidente.
O estudo também concluiu que 28 por cento de eleitores independentes e 15 por cento dos registados como votantes democratas estavam também dispostos a aderir a este terceiro partido.
Ao todo, cerca de 37 por cento dos eleitores norte-americanos mostraram-se dispostos a aderir a um partido fundado por Trump.A sondagem da Hill-HarrisX foi realizada por via eletrónica a 945
eleitores registados, 340 dos quais se identificaram como republicanos.
Tem uma margem de erro de 5.3 pontos percentuais.
"Estes números demonstram que, apesar do ataque ao Capitólio, Trump permanece uma força política a ter em conta. Beneficia de uma ampla base de apoio de mais de um terço dos eleitores, eleitores atraídos por ele numa série de questões que não obtiveram até agora resposta das elites democratas e republicanas", analisou Dritan Nesho, presidente do Conselho de Administração e principal responsável pelas sondagens da HarrisX.
"Se Trump se afastasse do Partido Republicano (GOP) e criasse o seu próprio partido, a sondagem sugere que poderia bem criar o segundo maior partido político no país, relegando o GOP para o terceiro lugar", acrescentou.
Destituição decisiva
Donald Trump abordou em janeiro a ideia de formar uma nova formação política, a que chamaria Partido Patriótico, mas nada de concreto surgiu até agora.
Trump e os seus apoiantes poderão estar apenas à espera da conclusão de um segundo processo de destituição recém aprovado pelo Congresso, que deverá começar a ser julgado na próxima semana a partir de dia 8 de fevereiro, praticamente um ano depois de Trump ter sido absolvido no primeiro processo.
Donald Trump é aliás o primeiro presidente norte-americano a enfrentar duas vezes acusações de destituição. No primeiro julgamento foi acusado de abuso de poder e de obstruir o
Congresso depois de, aparentemente, ter pressionado o Presidente da
Ucrânia a investigar o seu então rival Joe Biden e o filho.
O motivo invocado para o novo processo de destituição é o ataque ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021, que o Partido Democrata alega ter sido instigado pelo presidente, apesar de Donald Trump depois se ter demarcado de qualquer ato violento.
Os procuradores acusaram Trump de "traição de proporções históricas".
A condenação neste segundo processo de destituição, iniciado ainda antes da posse de Joe Biden, iria impedir Trump de voltar a ocupar a presidência dos Estados Unidos.
Em janeiro, uma sondagem Reuters/Ipsos concluiu que uma ligeira maioria dos norte-americanos considerava que Trump deveria ser condenado e proibido de exercer cargos públicos federais. Nesse inquérito, as respostas seguiram as linhas partidárias, com nove em 10 apoiantes democratas a querer a condenação do ex-Presidente e somente dois em 10 republicanos a pensar da mesma forma.O ex-Presidente afirmou que seria recandidato às eleições de 2024. O Partido Democrata está apostado em impedir um tal cenário.
O Partido Democrata detém atualmente a maioria dos lugares em ambas as câmaras do Congresso, Representantes e Senado, o que eleva as probabilidades de condenação do ex-Presidente, a quem os democratas não deram descanso ao longo dos quatro anos de mandato depois da sua vitória sobre Hillary Clinton em 2016.
A possibilidade de se verem relegados para uma terceira posição política em caso de Trump se desvincular do GOP, revelada na sondagem desta semana, poderá também vir a influenciar votos republicanos a favor da destituição.