Sondagem da Católica. Maioria dos portugueses culpa Putin e Rússia pela guerra na Ucrânia
É praticamente consensual entre os portugueses que os principais responsáveis pela guerra são o presidente Vladimir Putin e a própria Rússia. A conclusão é de uma sondagem realizada pelo CESOP - Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público, segundo a qual os inquiridos estão divididos sobre a atribuição de mais apoio financeiro a Kiev. A maioria está, no entanto, de acordo que o conflito não sairá da Ucrânia, apesar de ainda estar para durar.
Dois por cento dos participantes acreditam que a culpa é dos Estados Unidos, 1% diz ser da NATO e outro 1% crê que os responsáveis são os países europeus/União Europeia. Sete por cento não sabem ou não quiseram responder, enquanto 3% responderam “outro”.
Questionados sobre como avaliam a atuação da NATO e dos seus países-membros até ao momento, no que diz respeito à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, 51% disseram que “estão a envolver-se o necessário”, 30% considerou que “estão a envolver-se menos do que deviam” e 12% pensam que “estão a envolver-se mais do que deviam”. Sete por cento não responderam. Já sobre a atuação de Portugal, em concreto, quanto à guerra na Ucrânia, as respostas foram mais uniformes. Setenta e dois por cento dos inquiridos responderam que o país está a “envolver-se o necessário”, 12% disseram que está “a envolver-se menos do que devia” e 10% “mais do que devia”. Apenas 6% não responderam.
Portugueses divididos sobre apoio financeiro
Esta amostra da população portuguesa foi também questionada sobre se Portugal deve conceder mais apoio financeiro à Ucrânia, ao que a resposta foi equilibrada: 38% disseram discordar e 38% disseram concordar.
Catorze por cento “discordam completamente”, enquanto 6% “concordam completamente”.
Sobre o envio de mais material e equipamento militar de Lisboa para Kiev, as respostas foram mais díspares. Cinquenta e um por cento concordaram; 12% concordaram completamente; 24% discordaram; e 9% discordaram completamente.
Notou-se mais consenso no que diz respeito ao acolhimento de mais refugiados ucranianos por parte de Portugal. Cinquenta e oito por cento concordaram que o país deve receber mais destes refugiados e 21% “concordaram completamente”.
Do lado aposto, 15% discordaram e apenas 3% “discordaram completamente”.
Ucrânia vista como país “que mais perde com a guerra”
Foi também perguntado aos portugueses quanto consideram que cada país ganha ou perde com a guerra. Neste ponto, a sondagem da Católica concluiu que a Ucrânia é vista como o país que mais perde com o conflito, sendo que a Rússia e a União Europeia (incluindo Portugal) “também têm mais a perder do que a ganhar”.
Na coluna do “perde muito”, a Ucrânia sobressai, com 63% a responderem nesse sentido. Em segundo lugar, para os inquiridos, surge a Rússia, com 26% de respostas. Segue-se a União Europeia (18%), Portugal (12%), EUA (4%) e China (3%).
Já na coluna do “perde”, quem se destaca é Portugal. Sessenta por cento dos portugueses acreditam que o país perde com a guerra, seguindo-se a UE (55%), Rússia (41%), Ucrânia e EUA (ambos com 24%) e, por último, a China (15%).
Por outro lado, os participantes consideram que os Estados Unidos e, principalmente, a China, “são os países que menos têm a perder e mais poderão ganhar com esta guerra”. Pequim reuniu 39% das respostas na coluna do “ganha”, os EUA 30%, a Rússia 12%, UE 8%, Ucrânia 5% e Portugal 2%.
Na resposta “ganha muito” os resultados foram mais residuais, destacando-se a China (com 12%) e os Estados Unidos (11%).
Maioria acredita que guerra não sairá da Ucrânia
Sobre o futuro do conflito, 39% dos participantes consideraram mais provável que a guerra ainda vá demorar, mas que ficará circunscrita ao território ucraniano.
Já 26% acreditam que “o conflito vai tornar-se num conflito global”, enquanto 14% pensam que irá “alargar-se a outros países vizinhos que não sejam membros da NATO”.
Sete por cento creem que o mais provável é a guerra “alargar-se aos países vizinhos membros da NATO” e apenas 4% acreditam que “o conflito está a caminho de uma resolução”.
Dez por cento não sabem ou não quiseram responder.
Este inquérito foi realizado pelo CESOP - Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena1 e Público entre os dias 9 e 17 de fevereiro de 2023. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1002 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 29% da região Norte, 20% do Centro, 37% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 26%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1002 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.
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