A Ucrânia afirma que as suas tropas continuam a resistir, apesar dos intensos combates em Soledar, cidade conhecida pela exploração de minas de sal no leste do país, onde os mercenários do grupo Wagner reivindicaram a primeira vitória russa em meio ano. Até agora, o Kremlin nunca tinha cedido o monopólio militar de Estado a uma estrutura privada.
Kiev reconheceu os avanços russos, mas frisou que as suas tropas não se tinham retirado.
“A luta é feroz”, afirmou a vice-ministra ucraniana da Defesa, Hanna Malyar, acrescentando que os “russos estão a passar por cima dos seus próprios cadáveres”.
Segundo Hanna Malyar, a Rússia aumentou, na última semana, de 250 para 280 o número de unidades na Ucrânia. Se a Rússia conseguir capturar Soledar, será a maior vitória de Moscovo depois de várias retiradas humilhantes nos últimos meses de 2022. No entanto, os peritos militares consideram que o custo tem sido desproporcionado, depois das intensas batalhas que espalharam os campos gelados com cadáveres.
Antes da invasão russa, Soledar tinha menos de 10 mil habitantes. Por diversas vezes Moscovo falhou as tentativas de conquistar importante cidade vizinha de Bakhmut, que tem dez vezes mais habitantes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a noção de que os ganhos russos representavam uma grande vitória.
“Agora o Estado terrorista e os seus propagandistas estão a fingir que uma parte da cidade de Soledar – uma localidade que foi completamente destruída pelos ocupantes - é alegadamente uma espécie de conquista da Rússia”, afirmou Zelensky.
O presidente ucraniano garante que Soledar ainda não caiu nas mãos dos russos e assegura que os combates prosseguem. Na quarta-feira, o dono do grupo privado militar Wagner afirmou que tinha conquistado a cidade sem ajuda do exército russo. Yevgeny Prigozhin afirmou que os mercenários do grupo Wagner tinham abatido 500 ucranianos depois de intensos combates. Moscovo tem sido mais cauteloso em relação à situação em Soledar.
O governador de Donestsk afirmou, por sua vez, que na cidade permanecem 599 civis, entre os quais 15 crianças, que não conseguiram ser retirados devido aos intensos combates. Ucrânia espera por tanques
Na passada semana, Estados Unidos, França e Alemanha comprometeram-se a fornecer veículos blindados à Ucrânia.
Kiev, que pretende expulsar todas as tropas russas, aguarda a chegada de tanques do Ocidente para retomar os avanços nos próximos meses.
Na quarta-feira, o presidente polaco prometeu entregar a primeira remessa de 14 tanques Leopard, de fabrico alemão.
No entanto, essa entrega depende de uma autorização de Berlim, que considera que a entrega de armas deve ser coordenada. Terceira mudança no comando russo
O Kremlin está ainda a gerir a liderança no campo de batalha, um dia depois de Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior, ter recebido inesperadamente o comando da invasão à Ucrânia.
O comandante anterior, Sergei Surovikin, foi despromovido e passou a ser um dos três ajudantes de Gerasimov.
Moscovo explicou a decisão – a terceira mudança abrupta de comando em 11 meses de conflito – como uma resposta à crescente importância da invasão.