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"Soldados da Wagner revelaram sabedoria". Putin condena organizadores sem mencionar Prigozhin

por Joana Raposo Santos - RTP
Putin agradeceu ao presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, pelo seu "impacto para a decisão de paz". Kremlin via Reuters

O presidente russo reagiu esta segunda-feira aos acontecimentos do fim de semana no país, surpreendido por uma rebelião protagonizada pelo grupo Wagner. Vladimir Putin considera que os soldados deste grupo de mercenários "revelaram sabedoria" ao recuar e que foram "patriotas russos". Já as críticas recaíram sobre os organizadores dos "atos criminosos", mas o nome de Evgueny Prigozhin não foi mencionado.

“Foi necessário algum tempo para permitir que aqueles que cometeram o erro mudassem a sua decisão”, declarou esta noite o líder russo. “A aventura em que foram envolvidos levava a um crime e a uma crise, e os soldados e comandantes do grupo Wagner revelaram sabedoria ao parar no limiar daquilo que poderiam ter cometido”.

“Agora, podem integrar o Ministério da Defesa da Rússia ou voltar para as suas famílias. Esta minha promessa será cumprida. Repito: a escolha é de cada um de vós”, assegurou Vladimir Putin, em declarações ao país. Putin agradeceu ao presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, pelo seu “impacto para a decisão de paz”.

O presidente russo frisou que “as organizações e forças políticas tomaram a atitude de apoiar a ordem constitucional” perante a rebelião da Wagner e que “todos ficaram unidos pela responsabilidade pelos destinos da pátria”.

“Desde o início dos acontecimentos, foram tomadas todas as decisões para neutralizar a ameaça e para proteger a vida e a segurança dos nossos cidadãos. O motim armado foi suprimido e os organizadores tiveram de entender isto”, afirmou.

“Eles sabiam que estavam a iniciar atos criminosos num país que enfrenta hoje uma ameaça externa colossal”, acrescentou o presidente.
Soldados da Wagner “são patriotas da Rússia”
Putin aproveitou para deixar elogios, em primeiro lugar, aos soldados do grupo Wagner, que disse serem “patriotas da Rússia”.

“Provaram-no ao libertarem [a região ucraniana do] Donbass e não viraram as armas contra os seus irmãos, com quem já combateram ombro a ombro”, declarou o presidente russo.

Quanto aos organizadores da rebelião, as palavras foram de condenação, mas sem tocarem no nome de Evgueny Prigozhin, líder do grupo Wagner. “Os organizadores da rebelião traíram-nos e traíram até aqueles que envolveram no seu ato”, declarou Vladimir Putin.

“Empurraram essa gente para atirar contra os próprios compatriotas. É isso que os tutores ocidentais e os nacionalistas de fora queriam: que os russos se matassem uns aos outros e que a Rússia perdesse e a sociedade sofresse um banho de sangue”, firmou.

Aos militares e Serviços Secretos da Rússia, Putin lançou agradecimentos, considerando que “se mantiveram fieis ao juramento prestado”.

“A coragem dos pilotos que foram mortos ajudou a salvaguardar a Rússia contra o banho de sangue”, declarou.
Putin em reunião com responsáveis de segurança
O presidente russo esteve esta segunda-feira reunido com o chefe do principal serviço de segurança da Rússia, assim como com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e outros ministros.

A informação foi avançada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à agência de notícias Interfax.

"Juntei-vos nesta reunião para vos agradecer o trabalho que realizaram nos últimos dias e para discutir a situação", disse Vladimir Putin no início do encontro.

Entre os participantes estavam ainda o procurador-geral Igor Krasnov, o chefe da administração do Kremlin, Anton Vaino, o ministro do Interior, Vladimir Kolokoltsev, o diretor do Serviço Federal de Segurança, Alexander Bortnikov, o chefe da Guarda Nacional, Viktor Zolotov, o chefe do Serviço de Proteção Federal, Dmitry Kochnev, e o chefe do Comité de Investigação, Alexander Bastrykin.

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