O número de presos políticos libertados no sábado pelas autoridades venezuelanas subiu para 107, de acordo com um novo balanço da organização não governamental Fórum Penal (FP).
O número foi confirmado por Alfredo Romero, diretor do FP, organização conhecida por prestar assistência a presos políticos na Venezuela.
"Verificámos que 107 presos políticos foram libertados na Venezuela, devido à crise pós-eleitoral" anunciou Romero na rede social X, apontando como hora de verificação as 19:00 (23:00 horas em Lisboa).
Um balanço anterior de várias ONG dava conta de 70 pessoas libertadas de três prisões do país.
As libertações começaram no sábado, um dia depois de o Ministério Público anunciar que iria rever os casos de 225 das 2.400 pessoas que foram detidas na sequência de protestos contra os resultados das eleições presidenciais de 28 julho em que Nicolás Maduro foi declarado reeleito, e que a oposição contesta.
Entretanto, através da X, a líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado denunciou que os presos políticos "sofreram danos irreparáveis injustamente" e elogiou a valentia dos familiares e o rigoroso trabalho dos ativistas de direitos humanos, que "tornaram possíveis as libertações".
"Todos merecem a liberdade plena e não ficar à mercê destes juízes do terror. Todos os presos políticos ainda em cativeiro também merecem a sua liberdade imediata", sublinhou Maria Corina Machado.
Nas redes sociais venezuelanas têm sido divulgadas fotos e vídeos do momento em que os presos se reencontram com familiares, mas sem quaisquer declarações aos jornalistas.
Em 12 de novembro, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu às autoridades locais para reverem os processos judiciais de adolescentes detidos nos protestos pós-eleições presidenciais de 28 de julho, admitindo a possibilidade de ter ocorrido algum tipo de erro procedimental.
Segundo o Fórum Penal, até terça-feira estavam detidas 1.963 pessoas por motivos políticos na Venezuela, entre elas 69 adolescentes, desde 29 de julho, quando começaram os protestos.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.