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Sobe a tensão na fronteira de Caxemira entre Índia e Paquistão

por Graça Andrade Ramos, RTP
Soldados indianos carregam o caixão de um dos dois camaradas de armas mortos num alegado incidente fronteiriço com tropas paquistanesas em Cachemira Stringer/Reuters

O exército indiano afirma que os seus soldados, mortos terça-feira num alegado confronto com tropas paquistanesas, foram "mutilados de forma bárbara" e uma fonte militar indiana confirmou à agência France Presse que um dos dois homens foi "decapitado". O exército paquistanês, contudo, desmente qualquer troca de tiros na fronteira de Caxemira e mantém que a sua investigação efetuada no terreno concluiu que "não se passou" nada como o descrito pelas autoridades indianas.

Nova Deli chamou o embaixador paquistanês tendo-o advertido "em termos muito fortes" sobre a morte dos dois soldados no tiroteio na zona de fronteira da Caxemira.
A Caxemira é um território nos Himalaias disputado pela Índia e pelo Paquistão, numas tréguas tensas ao longo de uma fronteira fortemente vigiada por ambos os países.
À imprensa, o ministro indiano dos Negócios Estrangeiros Salman Khurshid afirmou esta quarta-feira que a violação do cessar-fogo na fronteira de Caxemira era matéria extremamente preocupante e afirmou esperar uma resposta apropriada do Paquistão.

Apesar de ser "inaceitável", a morte dos dois soldados não deverá conduzir a uma "escalada" violenta, sublinhou contudo Khurshid.

Tanto a Índia como o Paquistão são potências nucleares. "O que quer que se tenha passado, não deverá levar a uma escalada. Não podemos nem devemos permitir uma escalada após a ocorrência de um incidente muito doentio", afirmou Salman Khurshid.
Decapitado
O corpo "muito mutilado" de um dos soldados foi encontrado numa área florestada do território dos Himalaias na zona controlada pela Índia, de acordo com responsáveis indianos, que classificaram o tratamento dado aos soldados como "bárbaro e inumano" e "contra todas as normas de conduta internacional".

Ambos os corpos já foram a enterrar. Um deles terá sido decapitado, de acordo com fontes do exército indiano.

Em Bophal, a notícia do incidente provocou protestos por parte de apoiantes do Partido do Congresso, que queimaram uma efígie representando o Paquistão e que brandiram cartazes de condenação com as palavras "a juventude indiana está nas ruas em honra aos soldados martirizados".

De acordo com a versão de Nova Deli, uma patrulha indiana foi atacada por soldados paquistaneses perto da linha de controlo na terça-feira, tendo sido mortos dois soldados num tiroteio em Mendhar. O confronto terá durado "meia-hora", até que os atacantes regressaram para as suas posições atrás da linha de controlo fronteiriço.
Paquistão devolve acusações
O Paquistão já negou qualquer incidente.

Um responsável militar paquistanês afirmou que o Paquistão investigou os factos no terreno, concluindo que não ocorreu "nada do que foi alegado pela Índia". Denunciou a alegação indiana como "propaganda" para desviar a atenção de um outro confronto na linha de demarcação da Caxemira, há alguns dias.

De acordo com o Paquistão, um dos seus soldados foi morto e outro ferido no passado dia seis de janeiro após uma incursão da Índia. Nova Deli nega que as suas tropas tenham atravessado a linha de demarcação entre os dois países.
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