"Sob a orientação da ONU". Putin quer ver "administração temporária" na Ucrânia
O presidente russo colocou sobre a mesa, esta sexta-feira, o cenário de uma “administração temporária” para a Ucrânia, num processo tutelado pelas Nações Unidas. Vladimir Putin vinca o que considera ser a necessidade de promover eleições presidenciais “democráticas” no país que invadiu, antes de qualquer negociação de alto nível para um acordo de paz.
“E para quê? Para se fazerem eleições democráticas, para se pôr no poder um governo viável que tenha a confiança do povo, para iniciarmos depois conversações sobre um tratado de paz, para assinarmos documentos legítimos que sejam reconhecidos em todo o mundo e que sejam confiáveis e estáveis”, argumentou o presidente russo.Moscovo tem vindo a carregar na ideia de que Volodymyr Zelensky não é já um presidente legítimo, uma vez que o seu mandato expirou em maio do ano passado.
“No quadro das atividades de manutenção de paz da ONU, já recorremos várias vezes ao que chamamos de administração transitória”, evocou ainda o chefe de Estado russo, para dar como exemplo o caso de Timor-Leste.
Quanto à situação no teatro de guerra, Putin sustentou que as tropas russas dispõem agora da “iniciativa estratégica” em “toda a linha da frente”, havendo “razões para acreditar” que os objetivos da invasão podem ser atingidos. Evgueni Mouravitch | Correspondente da RTP em Moscovo
“O povo ucraniano deve, ele mesmo, compreender o que se está a passar”, apontou Vladimir Putin. “Dirigimo-nos progressivamente, talvez não tão rapidamente como gostaríamos, mas com insistência e certeza, para a obtenção de todos os objetivos anunciados”.Putin desencadeou em 2022 a invasão da Ucrânia com o objetivo, no léxico do Kremlin, da “desmilitarização” e da “desnazificação” do país vizinho – leia-se colocar uma pedra sobre as aspirações de adesão à NATO por parte de Kiev.
Esta última tomada de posição do presidente russo aconteceu horas depois de os aliados europeus da Ucrânia terem discutido, em Paris, garantias de segurança para Kiev. França e Reino Unido cimentaram, nesta cimeira, a ideia de um destacamento de uma força de manutenção de paz para solo ucraniano.
Nos próximos dias a Ucrânia deverá, segundo o presidente francês, Emmanuel Macron, acolher uma missão franco-britânica com a tarefa de preparar “o que será o formato do exército ucraniano”, que “continua a ser “a principal garantia de segurança” do país debaixo da invasão russa.O presidente ucraniano reiterou nos últimos dias, junto dos interlocutores europeus, que a realidade no terreno demonstra que Vladimir Putin “não quer nenhuma paz”.
Na capital francesa, os líderes chamados ao Eliseu pronunciaram-se ainda, de forma unânime, contra o levantamento das sanções aplicadas a Moscovo.
“Há um consenso sobre o facto de que não é ainda o momento de levantar sanções”, apontou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Posição reforçada pelo chanceler cessante da Alemanha, Olaf Scholz: “Pelo contrário, discutimos a forma de as reforçar”.
c/ agências