O sexto Relatório Anual Mundial sobre a Qualidade do Ar - 2023 IQAir - revela que dos 134 países estudados apenas sete cumprem os padrões de qualidade do ar estabelecido pela OMS.
Austrália, Estónia, Finlândia, Granada, Islândia, Ilhas Maurícias e Nova Zelândia são os países que não ultrapassaram os níveis das PM2,5, as pequenas partículas expelidas pelos veículos e pela indústria que podem causar problemas de saúde.
Os restantes 127 Estados investigados para o relatório não cumprem a norma internacional de qualidade do ar, estabelecida nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Em 2023, a poluição atmosférica continuou a ser uma catástrofe de saúde global. O conjunto de dados globais da IQAir fornece um lembrete importante das injustiças resultantes e da necessidade de implementar as muitas soluções que existem para este problema”, sublinhou Glory Dolphin Hammes, presidente executivo da IQAir na América do Norte.
A poluição atmosférica tem aumentado, no geral, devido à recuperação da atividade económica e ao impacto tóxico do fumo dos incêndios florestais, concluiu a análise.
A qualidade do ar também se está a deteriorar, nomeadamente, nas cidades, devido a um tipo de partícula microscópica de fuligem - as PM2,5 - que, quando inalada, pode causar um abrangente conjunto de problemas de saúde, chegando mesmo a matar.
Para o relatório da IQAir , uma organização suíça que monitoriza a qualidade do ar, contribuíram dados recolhidos de mais de 30 mil estações em todo o mundo, em 7.812 locais.
Os mais poluídos
Os cinco países mais poluídos em 2023 foram o Bangladesh (79,9 µg/m 3 ) - mais de 15 vezes superior à diretriz anual PM2,5 da OMS. Logo atrás segue o Paquistão, com mais de 14 vezes superior, Índia (54,4 µg/m 3 ), com mais de dez vezes, Tajiquistão e Burkina Faso (46,6 µg/m 3), com mais de nove vezes superior à diretriz anual PM2,5 da OMS.
A Índia abriga as quatro cidades mais poluídas do mundo, onde Begusarai é a área urbana com pior qualidade do ar globalmente.
A China, que revelou algumas melhorias nos anos de pandemia da covid-19, voltou a aumentar de 6,5 por cento nos níveis de PM2,5, com a recuperação da atividade económica a contribuir para a má qualidade do ar.
“Infelizmente as coisas retrocederam”, vincou Hammes. “A ciência é bastante clara sobre os impactos da poluição atmosférica e, no entanto, estamos tão habituados a ter um nível de poluição de fundo demasiado elevado para ser saudável”.
E deixa um alerta: “Não estamos a fazer os ajustes suficientemente rápido”.
Aidan Farrow, cientista de Qualidade do Ar da Greenpeace Internacional, junta-se à voz da IQAir: "É urgentemente necessário um esforço local, nacional e internacional para monitorizar a qualidade do ar em locais com poucos recursos, gerir as causas da neblina transfronteiriça e reduzir a nossa dependência da combustão como fonte de energia”.
A poluição atmosférica mata cerca de sete milhões de pessoas por ano em todo o mundo – mais do que a SIDA e a malária juntas.