"Snus" sueco menos prejudicial para a saúde do que o tabaco

por Agência LUSA

O consumo do "snus" sueco, uma espécie de tabaco humedecido que se chupa em vez de se fumar, é muito menos prejudicial do que o fumo do cigarro, dizem os médicos num artigo hoje publicado na revista médica The Lancet.

Todavia, um outro estudo também publicado pela Lancet afirma que o "snus" sueco pode contribuir para o cancro pancreático.

Os fumadores têm pelo menos dez vezes mais probabilidades de ter cancro do pulmão do que os que usam o "snus", uma conclusão que pode desafiar a proibição do "snus", especialmente na União Europeia.

Todas as nações da UE proíbem o consumo do "snus", excepto a Suécia, que está isenta devido ao uso generalizado de tabaco em pó entre os suecos. Embora o "snus" esteja proibido na União Europeia, à excepção da Suécia, e seja consumido também na Austrália, não acarreta um risco maior de cancro do pulmão ou da boca e tem o benefício adicional de não prejudicar os outros como acontece com o tabaco.

Todavia, quem o consome tem duas vezes mais probabilidades de desenvolver o cancro do pâncreas do que quem nunca tiver fumado, conclui um dos dois estudos publicados na Lancet.

Uma equipa dirigida por Olof Nyren, do Instituto Carolinska de Estocolmo, estudou os hábitos de consumos de 280 mil trabalhadores da construção entre 1978 e 1992 e seguiu a sua evolução até 2004, de acordo com um dos artigos.

Os investigadores não detectaram um aumento dos casos de cancro oral ou pulmonar nos consumidores de "snus" mas descobriram que estes últimos tinham duas vezes mais probabilidades de desenvolver um cancro pancreático do que os fumadores.

Ao mesmo tempo, no entanto, o risco de contrair também este tipo de cancro era duas vezes superior entre os fumadores do que entre os simples consumidores de "snus". No outro artigo, Coral Gartner, da Universidade de Queensland (Austrália) e os seus colegas estudaram os efeitos potenciais para a saúde do consumo de "snus" nesse país para calcular a diferença na esperança de vida entre os não fumadores e as pessoas que fumavam tabaco ou que haviam substituído esse hábito pelo "snus".

Os investigadores não encontraram diferenças entre os fumadores que deixaram totalmente o tabaco e os que se passaram para o "snus". "Os actuais fumadores que se passam para o "snus" em vez de continuarem a fumar podem obter importantes benefícios do ponto de vista da saúde, afirmam nas suas conclusões.

De acordo com essas investigações, a liberalização da venda de "snus" pode trazer mais benefícios do que danos, e esses dependem do número de fumadores empedernidos que deixam o seu vício por este produto sueco.

"Os resultados do nosso estudo contradizem a percepção generalizada de que o consumo do "snus" sueco não leva a nenhum risco cancerígeno, assinalam os peritos australianos, que alertam para o uso deste produto como substituto do tabaco. Jonathan Foulds, do Programa de Dependência do Tabaco da Universidade de Medicina da Escola de Saúde Pública de Nova Jérsia (EUA) escreve que ambos os estudos, somados aos crescentes testes epidemiológicas, indicam que "não há que deixar que o`snus` compita com os cigarros por quotas de mercado".

O "snus" não é inócuo, assinala Foulds, pois pode, além de outras coisas, causar gengivite e perturbações na gravidez, devendo os médicos recomendar aos pacientes que querem deixar de fumar outras alternativas com menores riscos potenciais.

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