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"Situação inaceitável". Incidente diplomático franco-israelita em Jerusalém leva ministro francês a abandonar visita

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Reuters

A visita do chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, a Jerusalém foi marcada por um incidente diplomático esta quinta-feira. A polícia israelita entrou "armada" e "sem autorização" no recinto de Eleona, uma propriedade francesa em Jerusalém, e deteve brevemente dois agentes franceses, levando o ministro francês dos Negócios Estrangeiros a abandonar a visita programada. Em Paris, o Quai d'Orsay vai convocar o embaixador israelita em França nos próximos dias.

"Não vou entrar hoje no domínio de Eleona, porque as forças de segurança israelitas entraram com armas, sem autorização prévia da França, sem concordarem em sair hoje", disse Jean-Noël Barrot no local. "A situação é inaceitável", considerou.


Para além do local de peregrinação da Eleona, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros também se recusou a entrar no Consulado Geral de França, em Jerusalém, na presença das autoridades israelitas.

"Este atentado contra a integridade de uma zona pela qual a França é responsável é suscetível de enfraquecer os laços que eu tinha vindo a cultivar com Israel, num momento em que todos precisamos de fazer avançar a região na via da paz", sublinhou Jean-Noël Barrot.

Poucas horas antes, o chefe da diplomacia francesa tinha explicado na sua conta da rede social X o motivo da sua viagem: "Estou de regresso a Israel para prosseguir um diálogo existente entre o Líbano e Gaza", explicou o governante francês, dizendo acreditar que "são possíveis soluções diplomáticas para libertar os reféns, proteger os civis e garantir a segurança de todos".


"É tempo de pôr fim à tragédia que começou a 7 de outubro", concluiu.

Embaixador israelita vai ser convocado

Em resposta ao incidente diplomático desta quinta-feira a França anunciou que iria convocar o embaixor israelita em Paris nos próximos dias, num comunicado divulgado pelo Quai d'Orsay, a sede da diplomacia francesa, esta quinta-feira à tarde

"Tal como o ministro referiu, estas acções são inaceitáveis. A França condena-as tanto mais vigorosamente quanto elas ocorrem numa altura em que está a fazer tudo o que está ao seu alcance para trabalhar no sentido de desanuviar a violência na região", pode ler-se no comunicado.

"Depois de a delegação ter saído, dois funcionários do Consulado Geral de França em Jerusalém foram detidos pela segurança israelita, apesar de terem estatuto diplomático. Foram posteriormente libertados após a intervenção do ministro", explica o documento.
Propriedade francesa na Terra Santa
O Santuário de Eleona é uma igreja cristã situada no Monte das Oliveiras, a leste da cidade velha de Jerusalém, e um dos territórios franceses em Israel. A França tem atualmente quatro propriedades religiosas em Jerusalém, conhecidas como “Domaine national français” ou “Domínios Nacionais franceses”, na tradução em português. Entre elas, o Santuário de Eleona, a Igreja de Santa Ana, a Igreja de São Pedro em Gallicantu e a Abadia de Abu Ghosh.

Foto: Rieger Bertrand - Hemis via AFP  | 

A Igreja do Pater Noster (Santuário de Eleona) no Monte das Oliveiras, é um dos quatro territórios franceses em Jerusalém, Israel

No final do século XIX, a França e outros países europeus começaram a adquirir locais santos na Terra Santa de modo a garantir a preservação do seu património religioso e cultural. Visavam também proteger o acesso dos peregrinos cristãos a esses locais.

c/agências
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