"Não vou entrar hoje no domínio de Eleona, porque as forças de segurança israelitas entraram com armas, sem autorização prévia da França, sem concordarem em sair hoje", disse Jean-Noël Barrot no local. "A situação é inaceitável", considerou.
Para além do local de peregrinação da Eleona, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros também se recusou a entrar no Consulado Geral de França, em Jerusalém, na presença das autoridades israelitas.
"Este atentado contra a integridade de uma zona pela qual a França é responsável é suscetível de enfraquecer os laços que eu tinha vindo a cultivar com Israel, num momento em que todos precisamos de fazer avançar a região na via da paz", sublinhou Jean-Noël Barrot.
Poucas horas antes, o chefe da diplomacia francesa tinha explicado na sua conta da rede social X o motivo da sua viagem: "Estou de regresso a Israel para prosseguir um diálogo existente entre o Líbano e Gaza", explicou o governante francês, dizendo acreditar que "são possíveis soluções diplomáticas para libertar os reféns, proteger os civis e garantir a segurança de todos".
"É tempo de pôr fim à tragédia que começou a 7 de outubro", concluiu.
Embaixador israelita vai ser convocado
Em resposta ao incidente diplomático desta quinta-feira
a França anunciou que iria convocar o embaixor israelita em Paris nos próximos dias, num
comunicado divulgado pelo Quai d'Orsay, a sede da diplomacia francesa, esta quinta-feira à tarde
.
"Tal como o ministro referiu, estas acções são inaceitáveis. A França
condena-as tanto mais vigorosamente quanto elas ocorrem numa altura em
que está a fazer tudo o que está ao seu alcance para trabalhar no
sentido de desanuviar a violência na região", pode ler-se no comunicado.
"Depois de a delegação ter saído, dois funcionários do Consulado Geral de França em Jerusalém foram detidos pela segurança israelita, apesar de terem estatuto diplomático. Foram posteriormente libertados após a intervenção do ministro", explica o documento.
Propriedade francesa na Terra Santa
O Santuário de Eleona é uma igreja cristã situada no Monte das Oliveiras, a leste da cidade velha de Jerusalém, e um dos territórios franceses em Israel.
A França tem atualmente quatro propriedades religiosas em Jerusalém, conhecidas como “
Domaine national français” ou “Domínios Nacionais franceses”, na tradução em português. Entre elas, o Santuário de Eleona, a Igreja de Santa Ana, a Igreja de São Pedro em Gallicantu e a Abadia de Abu Ghosh.
Foto: Rieger Bertrand - Hemis via AFP |
A Igreja do Pater Noster (Santuário de Eleona) no Monte das Oliveiras, é um dos quatro territórios franceses em Jerusalém, Israel
No final do século XIX, a França e outros países europeus começaram a adquirir locais santos na Terra Santa de modo a garantir a preservação do seu património religioso e cultural. Visavam também proteger o acesso dos peregrinos cristãos a esses locais.
c/agências