Situação de emergência em Acre, Brasil, devido a imigração ilegal

por RTP
Milhares de haitianos têm procurado uma vida melhor no Brasil pagando fortunas a redes de tráfico para chegarem a Acre, na Amazónia Gleilson Miranda/Secom

O estado brasileiro de Acre, no Amazonas, está a braços com uma vaga de mais de mil imigrantes haitianos que, em menos de uma semana, atravessaram a fronteira vindos da Bolívia. O governo central de Brasília enviou uma equipa de trabalho que irá apoiar o governo estadual a lidar com a situação, que levou as autoridades locais a decretarem o estado de emergência.

O governo brasileiro já disse que irá acolher os imigrantes ilegais e arranjar-lhes autorizações de trabalho.

"O Brasil tem uma tradição que temos de respeitar, de receber, os imigrantes, reconhecendo os seus direitos", declarou José Eduardo Cardoso, ministro brasileiro da Justiça, num áudio divulgado pelo seu gabinete.

O afluxo inesperado deixou as autoridades de Acre sem meios de resposta, pelo que o governo central brasileiro resolveu intervir.

"Vamos enviar uma equipa de trabalho para tratar do problema", anunciou Cardoso esta quinta-feira.

A equipa, composta por elementos da polícia federal e dos ministérios do Trabalho e da Saúde, deverá estar no local nas próximas horas de sexta-feira.
Mais de 1000 imigrantes
A vaga de imigração ilegal de haitianos aumentou desde o sismo de 2010, que arrasou o país. Desde então entraram no Brasil 4.300 haitianos, através do estado de Acre, no norte.

Numa única semana, no entanto, entraram 1.100 pessoas provenientes daquele país das Caraíbas, o que levou o governador do Estado a decretar o estado de emergência na passada terça-feira.

O Brasil deverá acolhê-las todas. O ministro Cardoso afirma que a polícia federal vai tentar agilizar os pedidos de vistos de permanência enquanto os funcionários do ministério do Trabalho irão estudar os pedidos de trabalho no país.

"Há empresas interessadas nesta mão-de-obra, por isso eles (haitianos) podem vir para o Brasil preencher essas vagas onde são necessários," considerou Cardoso.

Os funcionários do ministério da Saúde farão o despiste de doenças e a avaliação geral do estado sanitário.

"Creio que numa semana será possível que estes haitianos já tenham o seu protocolo (de pedido de visto) e a sua autorização de trabalho," previu o ministro.
Combate ao tráfico de pessoas
Numa tentativa de combater as redes de tráfico de pessoas, o Brasil adotou em 2011 medidas para desencorajar a entrada ilegal de haitianos, concedendo 100 vistos anuais a cidadãos do Haiti que quisessem estabelecer-se no Brasil.

As redes de contrabando de pessoas continuam apesar disso a funcionar, deixando dezenas ou centenas de haitianos perto das fronteiras da Bolívia e do Perú com o Brasil, mediante somas avultadas.

De acordo com o ministro, o controlo fronteiriço vai ser intensificado para combater este tráfico ilegal, ao mesmo tempo que o número de vistos será aumentado.

"A nossa ideia é favorecer a entrada legal para podermos enfrentar os grupos criminosos que exploram as pessoas devido à situação terrível que afeta o Haiti" declarou Cardoso.

A chegada dos imigrantes ilegais não é bem vista por parte da população local, que acusa os governantes de não dar apoio às populações brasileiras nordestinas ao mesmo tempo que abre os braços à imigração ilegal.

Outro problema que os haitianos têm de enfrentar é a lingua. A maioria deles fala apenas francês e crioulo.
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