Sismos. Número de mortos na Turquia e na Síria aproxima-se de 22 mil
Pelo menos 21.719 pessoas morreram - 18.342 na Turquia e 3.377 na Síria - na sequência dos sismos ocorridos em território turco na segunda-feira, indicam os últimos balanços oficiais.
Foram confirmados mais 668 óbitos durante a noite.
Na cidade turca de Gaziantep, um adolescente de 17 anos foi retirado ileso durante a madrugada, após 94 horas preso nos escombros de um prédio que desabou. Na província de Yagiz, no sul da Turquia, as equipas de resgate salvaram um bebé com dez dias de vida juntamente com a sua mãe, cerca de 90 horas após o primeiro sismo de segunda-feira.Este é o sétimo desastre natural mais mortífero deste século, à frente do terramoto e do tsunami de 2011 no Japão que provocou cerca de 31 mil mortos e do sismo no Irão em 2003.As equipas de resgate prosseguem as buscas nos dois países, mas a esperança de resgatar sobreviventes começa a diminuir numa altura em que ainda existem muitas pessoas presas debaixo dos escombros. As baixas temperaturas dificultam a sobrevivência.
As autoridades turcas referiram que mais de 120 mil equipas de socorro estão a participar nos esforços, com mais de 5.500 veículos, e a ajuda de 95 países, incluindo Portugal e Brasil.Quase três mil prédios desabaram na Turquia
Na Turquia, desabaram quase três mil prédios em sete províncias, incluindo escolas, hospitais e uma famosa mesquita do século XIII.
Quatro dias após o terramoto – e numa altura em que a Turquia se prepara para eleições parlamentares e presidenciais em maio – os familiares das vítimas questionam o governo de Recep Tayyip Erdoğan sobre a falta de preocupação na construção de novos edifícios.
Para alguns analistas em geologia e engenharia, citados pelo jornal britânico The Guardian a Turquia há anos que não aplica formas modernas na construção permitindo, em alguns casos, o boom imobiliário em zonas propensas a terramotos. Recep Tayyip Erdoğan já reconheceu as “falhas” na resposta.
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) decidiu, esta sexta-feira, suspender temporariamente as suas “operações” na Turquia após os sismos. O grupo militar tem travado uma luta armada contra o exército turco desde 1984 e é classificado como uma organização terrorista por Ancara, Estados Unidos e União Europeia.
A agência que gere os desastres naturais na Turquia revelou que foram registados quase 650 abalos secundários desde segunda-feira.
A Organização Mundial da Saúde estima que 23 milhões de pessoas estão "potencialmente expostas, incluindo cerca de cinco milhões de pessoas vulneráveis" e teme uma grande crise de sanitária, capaz de causar ainda mais danos do que o terramoto.
Camiões da ONU cruzam a fronteira entre a Turquia e a Síria
Seis camiões com ajuda humanitária cruzaram a fronteira entre os dois países atingidos pelos terramotos de segunda-feira. A bordo dos veículos seguiam cobertores, colchões, tendas, material de apoio, e lâmpadas solares, que devem cobrir as necessidades de pelo menos cinco mil pessoas.
As organizações humanitárias estão particularmente preocupadas com a propagação da epidemia de cólera, que reapareceu na Síria.
O Governo sírio, que está sob sanções ocidentais, apelou à ajuda da ONU, afirmando que toda a assistência deve ser feita em coordenação com Damasco e entregue dentro do território, e não através da fronteira com a Turquia.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano já afirmou que Washington vai continuar a exigir o acesso humanitário sem entraves à Síria e instou o Governo de Assad a permitir imediatamente da ajuda através de todos os postos fronteiriços. A Agência norte-americana para o Desenvolvimento Internacional vai fornecer 85 milhões de dólares em ajuda humanitária urgente à Síria e à Turquia.
Na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a um maior acesso humanitário à Síria, afirmando que ficaria “muito satisfeito” se as Nações Unidas pudessem usar mais do que uma fronteira para prestar ajuda.
No entanto, Damasco vê a entrega de ajuda internacional a áreas detidas pelos rebeldes da Turquia como uma violação da sua soberania.
Na Síria já morreram mais de três mil pessoas e os socorristas afirmam que muitas pessoas permanecem nos escombros.
Assad, criticado pelos governos ocidentais pela brutalidade do seu governo durante a guerra, presidiu a reuniões de emergência sobre o terramoto, mas ainda não se dirigiu ao país.
Entretanto, a Reuters avança esta sexta-feira que o presidente sírio Basharal-Assad visitou o Hospital Universitário de Aleppo.
c/ agências