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Síria. Trump promete retirada "prudente" das tropas norte-americanas

por Andreia Martins - RTP
Donald Trump com Mike Pompeo (à esquerda) e John Bolton (à direita) em outubro último, na Casa Branca Jonathan Ernst - Reuters

O Presidente norte-americano garantiu esta segunda-feira que a retirada militar dos Estados Unidos de território sírio vai ser feita a um ritmo adequado, com “prudência” e mediante as necessidades. Donald Trump criticou ainda a forma como o jornal The New York Times tratou as declarações do conselheiro nacional, colocando John Bolton em aparente contradição com as palavras do Presidente.

Numa mensagem publicada esta segunda-feira no Twitter, o Presidente norte-americano assegurou que a saída das tropas norte-americanas de território sírio será feita de forma ordeira.

“Vamos sair [da Síria] a um ritmo adequado, ao mesmo tempo que continuaremos a lutar contra o Estado Islâmico e a fazer tudo o que é prudente e necessário”, escreveu hoje no Twitter.


O Presidente norte-americano criticou ainda o jornal The New York Times, isto depois de o diário norte-americano ter publicado, esta segunda-feira, uma declaração de John Bolton, em que o conselheiro nacional para a Segurança defendeu uma saída militar da Síria que assegurasse todos os interesses norte-americanos e dos seus aliados.

Segundo o jornal, Bolton terá mesmo declarado que as forças norte-americanas ficariam em território sírio até que os últimos elementos do autoproclamado Estado Islâmico sejam derrotados, uma retirada condicionada por fatores externos e que poderia durar vários meses ou até mesmo anos.

Em declarações ao diário norte-americano, Bolton afirmou ainda que não existe um calendário definido para a saída e que a saída depende também da Turquia, que terá de oferecer garantias de segurança às unidades de combate curdas em território sírio, sendo que Ancara vê estas tropas como forças inimigas.

Na visão de Donald Trump, o jornal nova-iorquino “escreveu, de forma consciente, um artigo muito impreciso sobre as minhas intenções na Síria”, que, refere, “não são diferentes das minhas declarações originais”.
Administração dividida
A 19 de dezembro, o Presidente dos Estados Unidos anunciou a retirada dos soldados destacados na Síria, dando como consumada a derrota do Estado Islâmico. São cerca de dois mil militares, em grande parte forças especiais que foram mobilizadas para o combate ao Estado Islâmico.

Na altura, Donald Trump tinha afirmado que a derrota do grupo terrorista era “a única razão” da Administração para continuar a ter uma força destacada naquele país. Segundo as previsões iniciais do Presidente, a retirada das tropas estacionadas na Síria duraria um máximo de 30 dias.

A decisão anunciada pelo Presidente norte-americano motivou várias críticas internas, algumas das quais dentro da sua própria Administração. Logo na mesma semana, o secretário de Defesa norte-americano, Jim Mattis, apresentou a sua demissão ao fim de dois anos no cargo.

Na carta de resignação, Jim Mattis revelava que decidiu abandonar o cargo de forma a permitir que o Presidente tivesse um responsável “mais alinhado” com as suas políticas.

No entanto, é cada vez mais evidente a divisão que este tópico provocou no seio do Governo norte-americano. Em setembro, três meses antes de Donald Trump ter anunciado a retirada de tropas, o seu conselheiro nacional John Bolton tinha garantido que os Estados Unidos continuariam na Síria enquanto os iranianos também se mantivessem na região.

No Twitter, John Bolton prometeu nos últimos dias concertar ações com os aliados, nomeadamente com Israel, de forma a “impedir a ressurgência do Estado Islâmico”, mas também permanecer ao lado dos que combatem os terroristas - em referência aos combatentes curdos - e ainda aos que "refreiam o comportamento maligno do Irão na região”.


Por sua vez, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, garantiu na última quinta-feira que “a campanha para enfrentar o Irão continua”, em declarações ao jornal conservador Newsmax.

Em dezembro, o senador republicano Lindsey Graham, um dos maiores apoiantes de Donald Trump desde que este assumiu a Presidência, considerou que a decisão sobre a Síria poderá ter “consequências devastadoras” e constituir uma potencial demonstração de debilidade por parte de Washington perante Moscovo e outros envolvidos.

"O Irão e outras forças indesejáveis vão vê-la como um sinal da fraqueza americana no esforço para conter a expansão iraniana", apontou na altura.

De acordo com o Washington Post, a divergência latente entre Donald Trump e a sua equipa fez-se notar na primeira reunião de gabinete do ano, em que o Presidente afirmou que os iranianos “podem fazer o que quiserem” na Síria. 

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