Um dia depois das forças rebeldes terem tomado a capital da Síria, Damasco, forçando à fuga do presidente Bashar al-Assad, a transferência de poder parece consumar-se sem convulsões sociais.
Al-Jolani - que passou a usar o seu verdadeiro nome, Ahmad al-Chareh - conversou com al-Jalali "para coordenar uma transição de poder garantindo a prestação de serviços" à população síria, afirmaram os rebeldes, num comunicado acompanhado de um breve vídeo da conversa. O partido Baas, do presidente deposto, afirmou entretanto que apoia a fase de transição.
Mohammed al-Jalali confirmara à Al Arabiya TV que concordou em transferir o poder executivo para o Governo de Salvação, um organismo até agora responsável pela administração do território onde os rebeldes se entrincheiravam até há 12 dias, em Idlib, província do nordeste do país.
A televisão Al Jazeera indicou que a autoridade de transição será liderada por Mohamed al-Bashir, que geriu o Governo de Salvação até à ofensiva relâmpago de 12 dias que levou ao derrube do regime de Assad.
A nomeação terá sido confirmada por fontes rebeldes de Idlib, sem notificação oficial imediata, mas al-Bashir participou da reunião entre al-Jolani e al-Jalali.
O ex-primeiro-ministro advertiu contudo que a transferência de funções irá demorar vários dias.
Bancos reabrem terça-feira
Fontes próximas das conversações referiram à agência Reuters que um dos principais comandantes dos rebeldes, Ahmed al-Sharaa, aliás Abu Mohammed al-Golani, se reuniu durante a noite com al-Jalali e com o vice-presidente Faisal Mekdad, para preparar as reuniões com al-Jolani.
Depois de uma noite de recolher obrigatório, em Damasco, apesar das lojas permanecerem encerradas, as ruas encheram-se segunda-feira de residentes pacíficos.
Espera-se que os bancos reabram já esta terça-feira e foi pedido a outros funcionários que regressem aos seus postos de trabalho.
O Ministério do Interior, que administrava as forças de segurança, foi saqueado e está a ser vigiado por combatentes rebeldes para manter a ordem.
O avanço da aliança de milícias armadas lideradas pelo grupo HayatTahrir al-Sham (HTS), ex-afiliado na Al-Qaeda, e o derrube de 50 anos de governo dos Assad, pai e filho, podem significar uma viragem crucial nos destinos do Médio Oriente.
Pôs já fim a uma guerra iniciada em 2011, durante a Primavera Árabe, que custou a vida a centenas de milhares de pessoas e que provocou uma das maiores crises de refugiados da História, muitos dos quais começam agora a regressar a casa, apesar das múltiplas incertezas quanto ao futuro do país.
Esta segunda-feira à noite, foram ouvidas em Damasco duas explosões na área de Barzeh, onde o Centro Sírio de Estudos e investigações Científicas tem instalações.
O Centro tem sido sancionado e alvo de ataques pelas suas ligações à produção de armas químicas sob Bashar al-Assad.
Desde domingo que Israel intensificou os seus ataques contra alvos militares sírios, tendo atingido cerca de uma centena em menos de 24 horas.
com agências