Síria. Mais de 200 mortos nos combates entre `jihadistas` e forças do regime desde quarta-feira
Mais de 200 pessoas, na sua maioria milicianos, e uma vintena de civis foram mortos nos combates que opõem os `jihadistas` e aliados às forças do regime de Bashar al-Assad no noroeste da Síria desde quarta-feira, segundo uma organização.
O número de mortos "subiu para 182 [combatentes], dos quais 102 membros do HTS [Hayat Tahrir al-Sham]", 19 membros de grupos aliados a este grupo jihadista e "61 membros das forças pró-regime", indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Entre os civis, 19 foram mortos hoje em ataques da força aérea russa, aliada do regime sírio, acrescentou o Observatório, referindo que um civil tinha sido morto por bombardeamentos do exército sírio no dia anterior.
As informações da organização não-governamental (ONG) com sede em Londres e que conta com uma vasta rede de contactos na Síria referem-se a uma "operação militar" lançada pelos islamistas contra os territórios controlados pelo governo perto de Alepo.
O Ministério da Defesa sírio declarou ter bloqueado um "ataque de grande envergadura".
Segundo o OSDH, os `jihadistas` e os seus aliados cortaram a estrada entre a capital síria, Damasco, e Alepo, "perto da cidade de Al-Zarba"
Na quarta-feira, os extremistas do grupo HTS lançaram uma "operação" contra territórios controlados pelo regime na província de Alepo.
Os 19 mortos registados hoje, todos civis, perderam a vida em bombardeamentos atribuídos à Rússia contra áreas controladas por fações islamitas opositoras ao governo de Damasco nos arredores da cidade de Alepo, no norte da Síria, acrescentou o observatório.
O ataque ocorreu contra as localidades de Darat Izza e al-Atareb, na periferia oeste de Alepo, onde decorre desde quarta-feira uma grande ofensiva lançada por fações islamitas apoiadas pela Turquia contra posições do exército sírio, cujo principal apoiante é a Rússia.
A aviação russa, que está envolvida nos combates em nome das tropas do Presidente sírio, Bashar al-Assad, desde 2015, "efetuou 24 ataques contra várias zonas nos arredores de Alepo e Idlib", os últimos redutos da oposição no país, indicou a organização não-governamental, com sede no Reino Unido e que tem uma vasta rede de parceiros no terreno.
Segundo a OSDH, 26 outros civis ficaram feridos nos ataques aéreos, incluindo duas crianças em al-Atareb, em diferentes graus.
A ofensiva da oposição já matou pelo menos 182 pessoas, incluindo 121 da Organização de Libertação do Levante (antiga Frente al-Nusra) e membros de outras fações islamistas aliadas.
Por outro lado, segundo a ONG, foram mortos pelo menos 61 efetivos do exército sírio, incluindo quatro oficiais, bem como outros grupos aliados às forças sírias.
O exército sírio não reagiu a estas baixas, mas confirmou que está atualmente a repelir "em cooperação com forças amigas" - em referência à Rússia - uma grande ofensiva lançada pelos "terroristas".
Um general da Guarda Revolucionária Iraniana também foi morto nos combates, segundo a agência de notícias iraniana Mehr.
"O general Kiyomarth Porhashmi foi morto num ataque dos mercenários `takfiri` [radicais islâmicos sunitas] do regime sionista [Israel] em Alepo", no norte da Síria, informou a agência noticiosa iraniana Mehr, sem esclarecer quando ou as circunstâncias da sua morte.
Porhashmi era, segundo a agência de notícias, um oficial superior dos Guardas da Revolução que comandava "conselheiros iranianos" em Alepo.
O corpo militar de elite do Irão tem "conselheiros" na Síria, um dos seus aliados no Médio Oriente e parte do chamado Eixo da Resistência, a aliança anti-Israel, liderada por Teerão e que inclui o movimento islamita palestiniano Hamas, o grupo xiita libanês Hezbollah, os Huthis do Iémen, entre outros.
Esta é a primeira ofensiva em grande escala dos insurrectos em anos no norte da Síria.
A aliança islamista controla a maior parte da província vizinha de Idlib, onde um cessar-fogo acordado pela Turquia - o apoiante da oposição síria - e pela Rússia está em vigor desde 2020.
Esta ofensiva surge numa altura em que a Turquia procura restabelecer os laços diplomáticos com a Síria, embora al-Assad tenha declarado que Ancara deve retirar as suas tropas em várias zonas do norte da Síria e deixar de apoiar os grupos da oposição, a fim de avançar para o restabelecimento das relações, que se romperam no início da guerra civil síria, há 13 anos.
A 12 deste mês, o enviado especial do Presidente russo, Vladimir Putin, para a Síria, Alexandr Lavrentiev, declarou que Moscovo não aceitaria novas operações militares da Turquia na Síria.