Síria em "transição" dissolve exército e Parlamento e designa novo presidente
Ahmed al-Sharaa, líder de facto da Síria desde a queda de Bashar al-Assad, foi nomeado presidente "para a fase de transição", no mesmo dia em que o partido Baas, que dominou o poder durante mais de 60 anos, foi dissolvido.
O exército do anterior regime vai igualmente ser banido para ser formado um novo numa base nacional.
"A Síria precisa de um ano para que os cidadãos experimentem mudanças radicais nos serviços", disse al-Sharaa em excertos escritos da entrevista à emissora estatal saudita.
"Qualquer eleição adequada exigirá um censo populacional completo", o que leva tempo, observou o antigo líder rebelde, que era conhecido pelo seu nome militar, Abu Mohamed al-Jolani, al-Arabiya.
Relativamente às manifestações e protestos que têm ocorrido na Síria, al-Sharaa comentou que é um direito legítimo de qualquer cidadão expressar a sua opinião, sem prejuízo das instituições.
Referiu ainda das nomeações de funcionários da mesma cor política no atual governo de transição e justificou-as como uma medida num cenário que exige harmonia na nova autoridade síria.
"A atual forma de nomeações era uma necessidade nesta fase e não era para excluir ninguém", declarou al-Sharaa, que considerou que "as quotas neste período teriam destruído o processo de transição".
Sobre algumas "operações de retaliação" que ocorreram contra "restos do antigo regime", observou que foram "menos do que o esperado em comparação com a dimensão da crise" e acrescentou que "o regime anterior deixou enormes divisões dentro da sociedade síria".
Apesar disso, "não há preocupação dentro da Síria, uma vez que os sírios estão a coexistir", afirmou.
De acordo com a agência Sana, citando um comunicado de Abdel Ghani, Ahmed al-Sharaa foi encarregado "da presidência do país durante o período de transição. Assumirá as funções de presidente" e "irá representar" a Síria "nos fóruns internacionais".
"Todos os grupos armados, os orgãos políticos e civis que se alegam da revolução, são dissolvidos, e devem ser integrados nas instituições do Estado", prosseguiu o comunicado do porta-voz militar.
A mesma fonte anunciou "a dissolução do exército do regime" caído, com vista "à reconstrução do exército sírio". Também "todas as agências de segurança afiliadas com o anterior regime" foram dissolvidas.