"Estas vitórias sobre o ISIS na Síria não assinalam o fim da Coligação Global ou da sua campanha. Iniciámos o regresso a casa das tropas norte-americanas à medida que transitamos para a próxima fase desta campanha", disse Sarah Sanders, num comunicado.
Os Estados Unidos têm cerca de dois mil soldados na Síria.
O Presidente, Donald Trump, já tinha antecipado estas declarações, quando afirmou na rede Twitter que os EUA tinham vencido o ISIS na Síria, "a minha única razão para ali estar durante a Presidência Trump".
A decisão terá sido tomada depois de um telefonema entre o Presidente Donald
Trump e o seu homólogo turco, Reccep Tayyip Erdogan, na sexta-feira
passada.
"Tudo o que se seguiu é a implantação do acordo
celebrado nesse telefonema", revelou uma fonte oficial da Administração à
Agência Reuters, sem ser identificado.
Esta fonte afirmou que todo o pessoal do Departamento de Estado dos EUA será retirado da Síria nas próximas 24h.
O mesmo responsável confirmou que os Estados Unidos planeiam retirar as suas forças militares mal as últimas fases operacionais contra o Estado Islâmico se concretizem.
A retirada das tropas deverá decorrer entre 60 e 100 dias, acrescentrou.
O Pentágono confirmou que está a preparar a retirada mas recusou fornecer mais detalhes por questões de segurança.
Israel vai "saber defender-se"
A notícia foi recebida em Israel sem surpresa.
Através de um comunicado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu revelou que, nos últimos dois dias, manteve contacto com Donald Trump e o Secretário de Estado dos EUA, com quem debateu a retirada.
"Disseram claramente que têm outros meios de ter influência na região", referiu Netanyahu.
"Iremos estudar o calendário, como se irá processar e claro, as implicações para nós. De qualquer forma, iremos garantir a manutenção da segurança de Israel e proteger-nos nesta arena", acrescentou o primeiro-ministro israelita.
Já a Rússia, num comunicado do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros difundido pela agência oficial TASS, considerou que a retirada americana abre perspetivas para a resolução da crise síria.
De acordo com a TASS, o Ministério afirma também que a inicitiva de formar um comité constitucional sírio tem um futuro brilhante com a retirada das tropas dos EUA.
Críticas internas e britânicas
Mal soube da decisão, o deputado britânico Tobias Ellwood, membro do Ministério da Defesa, tweetou a sua discordância quanto à derrota do Estado Islâmico afirmada pelo Presidente norte-americano.
"Discordo firmemente", escreveu Ellwood. O Estado Islâmico "tem-se metamorfoseado noutras formas de extremismo e a ameça mantem-se bem viva", escreveu.
Também o senador republicano Lindsey Graham, habitual defensor do Presidente, criticou a decisão de retirar tropas, afirmando que é "um erro" e prevendo vários cenários graves.
Uma retirada americana nesta altura seria "uma grande vitória para o ISIS, para o Irão, para Bashar al-Assad da Síria e para a Rússia", afirmou.
"Receio que leve a consequências devastadoras para a nossa nação, a região, e para todo o mundo", acrescentou Graham numa declaração.
"Será mais difícil recrutar futuros parceiros dispostos a confrontar o Islão radical", referiu. "O Irão e outros maus atores irão vê-la como um sinal da fraqueza americana no esforço para conter a expansão iraniana", disse ainda.
Lindsey Graham é um coronel da Força Aérea aposentado, que seguiu advocacia e depois a carreira política, tendo sido eleito senador da Carolina do Norte.
É tido como defensor das Forças Armadas e da liderança dos Estados Unidos no mundo global. Defende ainda acordos com os democratas em várias frentes, desde o aquecimento global à reforma da lei de imigração.