Síndrome de Havana pode ser explicada por emissores de energia dirigida

por RTP
Embaixada dos EUA em Havana Alexandre Meneghini - Reuters

As autoridades norte-americanas revelaram que os peritos dos serviços secretos não identificaram ainda a causa precisa das aparentes lesões cerebrais relatadas por funcionários norte-americanos em Cuba, a chamada "síndrome de Havana". Podem existir outras explicações, como energia dirigida.

A CIA anunciou, na semana passada, que considera improvável que a Rússia ou outro adversário estrangeiro estejam a montar uma ampla campanha para atacar norte-americanos com dispositivos emissores de energia.

Apesar de a maioria dos casos ter sido ligada a outras causas por médicos e peritos, continua a haver um subconjunto de dezenas de situações que, segundo os peritos, pode ser explicado pelo uso deliberado de energia.

Os funcionários e legisladores norte-americanos encaram seriamente as doenças relatadas. E enfatizam que qualquer ataque deliberado ao pessoal dos Estados Unidos será recebido com uma resposta firme. Mas os serviços secretos não tornaram públicas provas de que a culpa seja de um adversário.

A incerteza sobre a causa das doenças aumentou a fricção entre os funcionários e os que sofrem de sintomas.

Os fatores psicológicos, por si só, não podem explicar as características apresentadas pelas pessoas nesse menor número de casos, afirmaram os funcionários, que informaram os repórteres sob a condição de anonimato e regras básicas estabelecidas pelo Gabinete do Diretor dos Serviços Secretos Nacionais.

A utilização de energia eletromagnética pulsada "explica plausivelmente" essas características, tal como a utilização de ondas de ultrassons a curta distância, disseram os funcionários.


Os peritos não identificaram até agora um dispositivo específico que pudesse ter sido utilizado para visar o pessoal norte-americano no terreno.
Lacunas significativas

Os funcionários que informaram os repórteres disseram que existiam lacunas significativas naquilo que o governo sabe.

Entre as recomendações que o painel fez está a uniformização da informação recolhida nas agências dos Estados Unidos e a criação de novos marcadores para identificar e cuidar o que o governo chama de "incidentes de saúde anómalos".
Os Estados Unidos estão também à procura de formas de proteger os agentes e prevenir casos futuros. Embora os funcionários que informaram os repórteres não especificassem que medidas de proteção recomendaram, instaram qualquer funcionário que acredite ter sido afetado a apresentar-se imediatamente.

"Embora não disponhamos do mecanismo específico para cada caso, o que sabemos é que, quando a situação é reportada rapidamente e os cuidados médicos dados rapidamente, a maioria das pessoas está a ficar boa", disse um funcionário.

Através de uma declaração, o diretor da National Intelligence, Avril Haines, e o diretor da CIA, William Burns, disseram que o governo dos Estados Unidos "continua empenhado em proporcionar acesso aos cuidados de saúde àqueles que deles necessitam”.

“Continuaremos a partilhar tanta informação, quanto possível”, adiantaram.
"Sintomas genuínos e convincentes"

O último relatório revela que “os sintomas são genuínos e convincentes” e podem, em alguns casos, ter sido provocados por um dipositivo oculto.
Em janeiro, um estudo da CIA não encontrou evidências de uma campanha generalizada de um país estrangeiro e que muitos dos casos poderiam ser explicados por causas naturais ou stress.
No entanto, cerca de duas dúzias, não tinham explicação. O estudo da CIA examinou mais de mil documentos confidenciais e entrevistou testemunhas para se concentrar num grupo de pessoas que sofreram de um determinado conjunto de sintomas.

Foram encontradas quatro “características centrais” ou sintomas: início súbito de pressão no ouvido ou num lado da cabeça; vertigens; perda de equilíbrio e dor nos ouvidos.

E foram examinadas cinco causas potenciais: sinais acústicos; agentes químicos e biológicos; radiação ionizante; fatores naturais ou ambientais; radiofrequência e outras energias eletromagnéticas.
Primeiros casos registados em 2016

Os casos de "síndrome de Havana" começaram com uma série de lesões cerebrais relatadas em 2016 na Embaixada dos Estados Unidos, em Cuba. Foram relatados incidentes por diplomatas, oficiais dos serviços secretos e pessoal militar na área de Washington e em destacamentos globais.

A Administração Biden enfrentou a pressão dos legisladores de ambas as partes para investigar casos ligados à "síndrome de Havana" e prestar melhores cuidados às pessoas que relataram o início súbito de dores de cabeça por vezes debilitantes, tonturas, e outros sintomas.

O presidente dos EUA nomeou na terça-feira um Alto Funcionário de Segurança Nacional para coordenar a resposta do governo a possíveis incidentes relacionados com a síndrome de Havana.

c/ agências
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