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Sindicatos agrícolas franceses levantam bloqueio ao porto de Bordéus

por Lusa

O sindicato francês Coordenação Rural (CR) anunciou hoje o levantamento do bloqueio ao porto de Bordéus pelos agricultores na sexta-feira de manhã, após o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, responder às suas exigências.

"Tínhamos pedido a (Michel) Barnier que se comprometesse em relação à transposição excessiva [das normas europeias], e ele responde abertamente ao que lhe pedimos, disse [perante o Senado]: os agricultores têm razão, há demasiadas normas", disse à agência noticiosa France Presse José Pérez, responsável local da CR, anunciando que os agricultores sairão do porto por volta das 08:00 horas locais (07:00 de Lisboa).

Desde quarta-feira à noite, cerca de 200 agricultores sindicalizados bloqueiam o acesso ao porto, no sudoeste da França, com dezenas de tratores para exigir medidas de "simplificação" e denunciar a "transposição excessiva" das regras da União Europeia (UE) para o direito francês.

"Digo-vos a propósito da simplificação, os agricultores têm razão em pedir que analisemos uma a uma as disposições europeias e a sua aplicação entre nós", declarou o chefe do governo francês, eleito a 05 de setembro, na tarde de quarta-feira perante o Senado.

Para José Pérez, a proposta de Michel Barnier responde às exigências que os agricultores têm vindo a fazer nesta nova vaga de protestos no país, que hoje tem 43 departamentos em alerta laranja devido à neve.

"Pedimos-lhe que assumisse um compromisso e, perante a imprensa, disse-nos que tínhamos razão, nem mais nem menos", afirmou o sindicalista, explicando que "no calor da ação", estas declarações do governo tinham inicialmente escapado à sua atenção e que são pessoas de palavra por isso decidiram "levantar o acampamento".

A câmara municipal de Bordéus informou na quinta-feira à noite que "prosseguiam as discussões entre os serviços do Estado e os manifestantes para resolver a situação o mais rapidamente possível".

As autoridades portuárias francesas tinham manifestado a sua "incompreensão" e a sua "preocupação", sublinhando que "Bordéus é um porto de exportação de cereais ao serviço do setor agrícola regional" e que o país "não importa cereais", enquanto a CR afirmava o contrário.

Entre as reivindicações dos agricultores franceses que voltaram às ruas em 17 de novembro, conta-se a reautorização de um inseticida neurotóxico (acetamipride) proibido na França, mas autorizado noutros países da UE, uma exigência feita pelos produtores de beterraba-sacarina e de avelãs.

A ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, prometeu durante uma visita a Pas-de-Calais, no norte do país, "anúncios de simplificação nos próximos dias".

No final da manhã de quinta-feira, as autoridades tinham contabilizado 596 agricultores e 224 máquinas agrícolas mobilizadas em 16 departamentos do país.

Na quarta-feira, o presidente da principal organização do setor, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), Arnaud Rousseau, anunciou novas ações para as próximas "terça, quarta e quinta-feira no terreno", tendo como alvo as administrações e para denunciar "entraves" à agricultura.

Na rádio Europe1 e no canal Cnews, o ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, repetiu hoje que existem "linhas vermelhas" que não devem ser ultrapassadas.

Os sindicatos ligados ao setor agrícola convocaram também os protestos desta semana contra o acordo de comércio livre UE-Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia) com bloqueios de eixos estratégicos, como a autoestrada na fronteira franco-espanhola que atravessa a Catalunha, como aconteceu no dia 19 de novembro.

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