Símbolos nazis e racismo embaraçam União Nacional a quatro dias da segunda volta

por Lusa

Uma fotografia de uma candidata do União Nacional com um boné com a suástica e comentários xenófobos e racistas de outros membros geraram polémica e dificuldades para o partido de extrema-direita, que tem procurado suavizar a sua imagem pública.

A quatro dias da segunda volta das eleições legislativas, em que o partido União Nacional (RN, na sigla em francês) poderá obter a maioria absoluta e governar a França pela primeira vez na história - em coabitação com o Presidente centrista Emmanuel Macron -, a imprensa revelou o passado polémico de alguns candidatos apoiados pelo partido criado por Jean-Marie Le Pen, condenado em França por racismo e antissemitismo.

Uma das pessoas que mais chamou a atenção foi Ludivine Daoudi, candidata do RN em Calvados (Normandia). Um utilizador encontrou uma fotografia de Daoudi, sorridente, com uma réplica do boné usado pelos aviadores nazis da `Luftwaffe`.

Qualificada para a segunda volta na sua circunscrição eleitoral com quase 20% dos votos no domingo passado, Daoudi retirou-se da corrida na terça-feira, depois de meios de comunicação social como o Libération terem confirmado a veracidade da fotografia.

"Ela não o nega, tirou esta fotografia há alguns anos num festival de armas em Saint-Pierre-sur-Dives. A fotografia é obviamente de mau gosto", declarou à imprensa o coordenador regional do RN, Philippe Chapron.

O partido antes liderado por Marine Le Pen condena este tipo de incidentes, pois há anos que tenta suavizar a sua imagem de partido xenófobo e violento devido ao seu passado.

Entre os fundadores do partido, em 1972, contavam-se um antigo oficial nazi das SS (Pierre Bousquet) e um militante anti-colonialista a favor de uma Argélia francesa (Roger Holeindre).

Visivelmente irritado, o parceiro de Marine Le Pen e candidato a primeiro-ministro, Jordan Bardella (28 anos), reconheceu que houve uma certa caracterização dos "indesejáveis" apoiados pelo partido, mas também criticou o trabalho de "policiamento" da imprensa.

"Há jornalistas cujo trabalho é investigar os candidatos, os seus deputados, a avó dos deputados, o padeiro da tia-avó dos candidatos", condenou.

Apesar de Daoudi ter retirado a sua candidatura, outros perfis polémicos permanecem na batalha eleitoral.

"No RN há judeus, muçulmanos, espanhóis. Eu própria tenho um oftalmologista judeu e um dentista muçulmano", declarou Paule Veyre de Soras, candidata na terceira circunscrição de Mayenne, que se qualificou para a segunda volta com quase 30% dos votos, numa tentativa de justificar que não há racistas no seu partido.

Outra candidata do RN na primeira circunscrição de Mayenne, Annie Bell (78 anos), obteve 30% dos votos, apesar de um passado pouco edificante. Em 1995, foi condenada por ter efetuado, com o marido, um assalto à mão armada e um sequestro da pequena câmara municipal de Ernée, devido a um historial de dívidas fiscais.

O partido RN tem como um dos seus estandartes a luta contra a insegurança e a ordem pública e criticou alguns candidatos de esquerda às atuais eleições legislativas, identificados como desordeiros.

Entre os casos que já vieram a lume, ressalta ainda o de Roger Chudeau, o especialista em educação do RN que se aproximou da maioria absoluta na primeira volta em Loir-et-Cher.

Chudeau alegou que a franco-marroquina Najat Vallaud-Belkacem, ex-ministra da Educação socialista, não deveria ter ocupado o cargo por ser binacional, uma posição de que Marine Le Pen já se demarcou.

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