Shiri Bibas. Milhares de israelitas no cortejo fúnebre de mulher e crianças mortas em Gaza
Milhares de israelitas participaram esta quarta-feira no cortejo fúnebre de Shiri Bibas e dos seus dois filhos pequenos, todos eles reféns do Hamas mortos em Gaza. O grupo islamita garante que as mortes ocorreram devido a um ataque de Israel, enquanto Telavive garante que foram os sequestradores a assassinar a família.
Milhares de pessoas, muitas delas em lágrimas, participaram nas cerimónias fúnebres. Entre os presentes viam-se bandeiras israelitas e balões cor de laranja, evocando o cabelo ruivo das crianças, num novo símbolo de luto pelos reféns.
"Representam todas as famílias, as famílias muito jovens, que foram massacradas nesse dia" de 7 de outubro de 2023, em que o Hamas atacou Israel, declarou à agência Reuters um dos participantes.
Yarden Bibas, marido de Shiri e pai das crianças, foi capturado separadamente da família e libertado durante uma troca de reféns e prisioneiros no início deste mês. Esta quarta-feira, prestou homenagem num elogio emocionado no funeral da família.
"Espero que saibam que pensei em vocês todos os dias, todos os minutos", afirmou.As crianças e a mãe serão enterradas ao lado dos pais de Shiri, mortos no ataque do Hamas a Nir Oz e a outras comunidades israelitas a 7 de outubro de 2023.
A família Bibas tem criticado o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e membros do seu Governo por terem tornado públicos pormenores gráficos da morte das duas crianças. "Trata-se de um abuso absoluto contra uma família que já está a viver um inferno há 16 meses", declarou Ofri Bibas, irmã de Yarden.
"O desastre que sofremos enquanto povo e enquanto família não deveria ter acontecido e não deve voltar a acontecer", afirmou Ofri no funeral. "Podiam ter-vos salvo e preferiram a vingança", acrescentou.Cessar-fogo retomado
As cerimónias realizaram-se na mesma altura em que o Hamas terá aceitado retomar o cessar-fogo, devolvendo os últimos corpos de reféns incluídos na fase inicial da trégua em Gaza. Em troca, mais prisioneiros palestinianos serão libertados de prisões israelitas.
No último fim de semana houve receios de que o cessar-fogo ficasse sem efeito, depois de o Hamas ter libertado seis reféns e o gabinete de Netanyahu ter atrasado a libertação de 602 prisioneiros palestinianos.
Israel acusou o Hamas de violar os termos do acordo ao ter realizado “cerimónias de propaganda” cada vez que entregava reféns, levando-os a um palco e fazendo-os mostrar diplomas perante as câmaras.
Em resposta, o grupo islamita disse que iria abandonar as negociações e cancelou a entrega de quatro corpos que estava prevista para quinta-feira. Entretanto, durante a noite Israel confirmou que novas negociações permitiram a troca desses corpos por mais prisioneiros palestinianos.
c/ agências