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Sexta vaga de covid-19 enche hospitais em Espanha

por Carla Quirino - RTP
Hospital 12 de Outubro, Madrid Javier Barbancho - Reuters

Com menos casos graves comparativamente com às últimas duas vagas pandémicas, mas com mais doentes. Os serviços hospitalares espanhóis receberam um número de pessoas com covid-19 que já ultrapassa o pico dos contágios de abril e agosto de 2021 e a tendência é que continue a subir. Alguns hospitais podem atingir o limite até ao final do mês de janeiro.

A menor gravidade da sexta vaga deve-se ao efeito da vacinação. Alguns especialistas apontam também as características da variante Ómicron, que embora mais contagiosa do que a Delta é menos severa.

Cerca de metade dos doentes que necessitam de cuidados intensivos não foram vacinados. "Isso representa uma proporção muito maior de doenças graves do que em pessoas vacinadas, que são 90 por cento da população adulta" e uma percentagem ainda maior nas idades com maior probabilidade de necessitar de cuidados intensivos, especialmente a partir dos 50 anos. "Entre as outras, a maioria das pessoas toma duas doses e não chega a tempo da terceira". Quem o diz é Virginia Fraile, da Sociedade Espanhola de Medicina Intensiva e Medicina Crítica e Unidades Coronárias, citada pelo jornal El País.

De acordo com a publicação espanhola, a estimativa do matemático Álex Arenas, físico e professor da Universidade Rovira e Virgili de Tarragona, aponta para que a curva de novas infeções possa começar a achatar a partir de meados de janeiro, mas a ocupação das unidades de cuidados intensivos continuará a crescer por mais duas a três semanas, sobrecarregando os hospitais.

A saturação do sistema de saúde depende de, pelo menos, duas variáveis: o número de novos casos e a percentagem que exigirá internamentos e cuidados intensivos.

A terceira vaga pandémica, em fevereiro de 2021, registou os números mais altos. Houve mais de 32.000 internados e quase 4.900 nas unidades de cuidados intensivos.


Os picos da quarta e da quinta vagas atintiram cerca de dez mil hospitalizações, mas os casos graves chegaram a ocupar mais de 2.300 camas nos cuidados intensivos.
Ómicron menos severa
Diversos pneumologistas concordam que, nos casos graves, os quadros de pneumonia são muito semelhantes aos das vagas anteriores. "A única diferença é que parece que a recuperação é um pouco mais rápida. A média de permanência passou de sete ou oito dias para cinco", afirma Pedro Landete, médico na Unidade Respiratória Intermédia do hospital Isabel Zendal de Madrid.

Se a tendência de menor tempo de internamento se mantiver, implicará uma "maior rotatividade e a capacidade do sistema de atender mais pacientes decorrerá sem atingir o limite", acrescentou.

As autoridades de saúde tentam prevenir o colapso nos serviços, mas estimam que as próximas semanas sejam complicadas nos serviços hospitalares.

Jose Luis López Campos, diretor do Hospital Universitário Virgen del Rocío de Sevilha, garante que o aumento da pressão já está em curso: "Antes da sexta vaga, durante algumas semanas, quase não tivemos doentes internados com covid, algo que não acontecia desde o verão de 2020, após o confinamento. Mas agora já estamos em alta. Temos dias e semanas muito complicados".

O governo central e a maioria dos governos regionais decidiram não impor limitações sociais restritivas porque "as medidas que ajudam a prevenir infeções também são um golpe para uma economia" que começa agora a recuperar, ao fim de quase dois anos.

O regresso às aulas continua marcado para dia 10 de janeiro.

Os ministérios da Saúde e da Educação acreditam que a vacinação das crianças entre os cinco e os 12 anos tenha um impacto positivo para conter o avanço do vírus e permita manter o ensino presencial. Estimam que 90 por cento terão pelo menos uma dose até ao final de janeiro.
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