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Seul termina com vagas de estacionamento só para mulheres

por RTP
IGEL via Wikimedia Commons

A capital da Coreia do Sul está a terminar com as vagas nos estacionamentos só para mulheres, 14 anos depois de implementar a medida após um série de crimes violentos em parques de estacionamento subterrâneos.

As autoridades municipais de Seul afirmam que os lugares de exclusivos para mulheres já não são necessários e que serão convertidos em estacionamento para famílias.

Para os críticos do governo sul coreano consideram que o fim dos lugares de estacionamento exclusivo é o mais recente exemplo das políticas anti-feministas no país.

Em declarações à BBC, Chung Eun-jung afirmou que usa os lugares reservados sempre que consegue encontrar um. “Sinto-me mais segura quando os utilizo. Quando entro no carro tranco sempre a porta”.

A mulher de 55 anos acrescentou que estava ciente dos crimes nos estacionamentos, que eram frequentemente notícia nos órgãos de comunicação social.

Já a filha de Chung Eun-jung recordou que nesses estacionamentos as “mulheres se sentiam mais seguras” e que eram apenas alguns os lugares reservados.

Em Seul, a capital e maior cidade da Coreia do Sul, foram necessários parques de estacionamento com mais de 30 lugares, para atribuir 10 por cento às mulheres – pouco menos de dois mil dos 16.640 lugares de estacionamento público foram reservados a mulheres.

Os lugares reservados estão, por norma, próximos das entradas dos edifícios, para que as mulheres não tivessem de andar em caves escuras.

Números do governo em 2021 revelaram que mais de dois terços dos crimes violentos cometidos nos parques de estacionamento da cidade eram crimes sexuais: violação, agressão sexual e assédio.

O presidente da câmara de Seul, Oh Se-hoon, que foi o autor da iniciativa, está a inverter a sua política por considerar que é “tempo para pensar nas famílias”.

Os novos espaços para as famílias vão ser disponibilizados a mulheres grávidas ou a pessoas que viajam com crianças. A câmara municipal confirmou que que as mulheres que não cumpram esses requisitos não vão ser autorizadas a usar esses espaços.
Homens falam de discriminação Os homens da Coreia do Sul argumentam que há cada vez mais as políticas destinadas a beneficiar as mulheres são discriminatórias.

O atual executivo removeu o termo “igualdade de género” do currículo da ética escolar e está a ponderar encerrar o Ministério da Igualdade de Género.

Enquanto a Associação Coreana de Mulheres está desapontada com o fim dos lugares de estacionamento reservados, o piloto Cho Young-jae aplaude o fim de espaços só para mulheres.

“Esses espaços discriminam os homens. Andar mais 100 metros não se torna menos seguro e hoje em dia todo os estacionamentos estão equipadas com câmaras de vigilância”.

Os lugares exclusivos para mulheres, que foram implantados pela primeira vez na Alemanha nos anos 90, têm sido alvo de controvérsia na Coreia do Sul.

Como alguns desses lugares são maiores, os críticos reforçam o estereótipo de que as mulheres têm mais dificuldade em estacionar. No entanto, a verdadeira razão para serem maiores é porque se partiu do princípio que as mulheres, que assumem a maior parte dos cuidados infantis na Coreia do Sul, apreciam o espaço extra para colocar e retirar os filhos do carro.

Os espaços começam a ser convertidos no final de março.
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