Pelo menos sete pessoas foram detidas e 20 polícias ficaram feridos na sequência de protestos ocorridos no domingo em Bristol, no Reino Unido, contra um novo projeto-lei relativo à ação policial e que degeneram em violentos distúrbios.
A polícia de Avon e Somerset informou hoje que durante os incidentes, que se prolongaram até às primeiras horas desta segunda-feira, uma minoria provocou danos materiais e investiu contra os agentes policiais destacados em Bristol, cidade no sudoeste de Inglaterra, ferindo pelo menos 20 agentes policiais, dois deles hospitalizados com ferimentos graves.
Os incidentes ficaram igualmente marcados por sete detenções, mas o chefe da polícia da região sudoeste de Inglaterra, Andy Marsh, admitiu hoje que irão existir "muitas mais detenções" nos próximos dias, após as forças policiais finalizarem a análise das imagens dos sistemas de videovigilância.
O representante também instou a população local a ajudar a identificar os agitadores.
Segundo explicou Andy Marsh, cerca de 3.000 pessoas participaram no domingo numa manifestação em Bristol convocada para contestar um novo projeto-lei relativo à ação policial, atualmente em análise no parlamento britânico, que prevê, entre outros aspetos, dar mais poderes às autoridades perante manifestações não violentas.
O protesto decorria de forma pacífica quando um grupo de cerca de 400 pessoas começou a recorrer à violência, tendo ateado fogo a vários veículos da polícia e provocado vários danos materiais, de acordo com a mesma fonte.
"Acho que a ação de protesto foi sequestrada por extremistas, pessoas que estavam determinadas em causar danos, gerar um sentimento negativo em relação à polícia e agredir os nossos agentes", afirmou o chefe da polícia da região sudoeste de Inglaterra.
Figuras de todas as forças políticas britânicas e vários representantes já condenaram os acontecimentos.
A ministra do Interior britânica, Priti Patel, classificou a violência registada em Bristol como "inaceitável", reforçando: "Comportamentos violentos e a desordem de uma minoria nunca serão tolerados".
O presidente de câmara de Bristol, o trabalhista Marvin Rees, também usou a palavra "inaceitável" para classificar os distúrbios.
Marvin Rees destacou que esta reação violenta "não irá servir" para impedir a aprovação do projeto-lei, uma vez que o atual executivo conservador tem maioria parlamentar, indicando que até pode ter um efeito contrário e dar "argumentos" aos que querem ampliar o poder policial.
Estes incidentes em Bristol aconteceram um dia depois de um protesto em Londres, convocado para contestar as medidas restritivas impostas no país por causa da pandemia da doença covid-19, ter acabado com a detenção de pelo menos 36 pessoas e com o registo de feridos entre as forças policiais.
No fim de semana anterior, uma vigília liderada principalmente por mulheres em homenagem a Sarah Everad, uma mulher de 33 anos que foi raptada e assassinada, alegadamente por um agente policial, quando voltava sozinha para casa, terminou em confrontos com a polícia e detenções.
Como resultado desta ação policial, que recebeu críticas na altura, mais de 60 deputados enviaram uma carta à ministra do Interior britânica, Priti Patel, a pedir à representante para "isentar expressamente a realização de protestos das restrições" introduzidas devido à pandemia, de forma a preservar sempre esse direito no que diz respeito às normas estabelecidas no combate contra o novo coronavírus.